Soneto do Clamor
Venho contar-te a causa de meu descontentamento,
A que tenho pelas noites pranteado.
E a doçura, e a paixão, e a loucura de meu pensamento
A que devo a visão de teu corpo sublimado.
Que é carente minha alma de afagos.
Do afago minha tristeza se refaz.
Das paixões perseguem-me os enganos
E a incerteza que me apraz.
A essa chaga devo meu tormento
E minhas juras de amor soberano
A esse ser a quem regalo meu lamento.
E sangra esse frágil peito humano
A quem dirijo todo meu pensamento
E esse amor, por quem vivo e clamo