Hoje vamos nos focar na primeira súplica feita na oração: Santificado seja o vosso nome.
Que o nome do Pai seja santificado.
Depois de vermos as características de Deus, um pai que dá sustento e proteção, que provê, que sara, que traz paz; e também as características que se espera de um filho maduro, aquele que é fiel e humilde perante o Pai; vamos aprender que temos de honrar seu nome. A honra ao nome do pai expressa de maneira concreta o amor filial.
Teresa de Lisieux, freira francesa do século 19, ensina que, em oposição à santificação do nome do Pai, existe a blasfêmia, que, nada mais é do que um meio de se desonrar a essência divina, parodiando-a impunemente, a fim de que o homem tenha de Deus somente uma caricatura. [Teresa de Lisieux, Manuscrito A 52r.]
A blasfêmia significa um esquecimento da filiação divina e, portanto, um esquecimento de si mesmo.
De acordo com o segundo mandamento dado por Deus a Moisés, não devemos pronunciar o nome do Senhor, nosso Deus, em vão (Ex 20,7). Essa lei não era para o nome de Deus não cair na boca do povo, mas sim para ele se manter santo, na tradução do hebraico qadash, ou seja, que o seu nome fosse separado da enfermidade humana, da impureza e do pecado;
Nas antigas culturas do Oriente médio, um nome era muito mais do que um rótulo arbitrário que designava algo ou alguém. Um nome era a representação simbólica do caráter essencial de uma pessoa. Quando oro “Santificado seja o teu nome”, estou, através das palavras, dizendo e afirmando que o caráter de Deus, representado pelo seu nome, é sagrado. Magnificar e glorificar quem Ele é através dessa súplica nos traz uma conexão com suas características e caráter, aumentando nossa fé e confiança nas Suas direções.
Em Mateus 6, o verbo grego para santificado, hagiazo, significa entregar ou reconhecer, ou então ser respeitado ou santificado. Os significados orbitam em volta de se reconhecer e respeitar.
Como a primeira de uma série de três súplicas (santificar o nome, vir o reino, e se fazer a vontade) que nos levam em direção a Deus, reconhecer a santidade de Deus faz parte do nosso papel de filhos humildes.
Nas palavras de São Cipriano, "quem poderia santificar a Deus, já que é Ele mesmo quem santifica? Mas, nos inspirando nesta palavra: ‘Santificai-vos e sede santos, porque eu sou santo’ (em Lv 11,44), nós pedimos que perseveremos naquilo que começamos a ser. Pedimos isto todos os dias, porque cometemos faltas todos os dias e devemos sempre buscar uma santificação sem cessar. [...] Recorremos, portanto, à oração para que esta santidade permaneça em nós” (De dominica oratione, 12).
Bento XVI, ao comentar sobre o “Pai nosso”, nos convida a um exame de consciência, no modo como tratamos o nome de Deus: “como é que eu me relaciono com o santo nome de Deus? Como me situo com respeito diante dele? Como me preocupo com que a presença de Deus no meio de nós não seja jogada na lama, e que nos puxe para cima, para a sua pureza e santidade?”
O que isso significa é que quando oro, "Santificado seja o teu nome", estou pedindo que a essência da santidade de Deus seja revelada e esteja presente em todas as minhas ações e pensamentos de forma que expressem quem Ele é, revelando a santidade de Deus. Minha oração diz que, no momento em que proferir essas palavras, estou dedicando tudo o que sou, tudo o que faço, todo relacionamento que tenho, cada conexão entre mim e a criação, estou dedicando tudo isso a honrar as características e o caráter de Deus. Santificar Seu nome significa tornar tudo sagrado!