Aprendemos na escola que a racionalidade nos torna especiais no mundo animal, ao ponto de muitas vezes nos colocarmos fora dele. A gente esquece que é bicho. Tenho citado com frequência nos meus textos a frase de Nietzsche, "quem tem um porquê, aguenta quase todo como". A afirmação deixa clara a importância do sentido para o ser humano. Mas, ao mesmo tempo que liberta, o sentido também pode aprisionar. A razão é uma armadilha, ilumina e cega. Sequestra o corpo para si, apropriando-se dele, como se fosse todo e não parte. Muitas vezes, em busca do que é certo ou por fidelidade a princípios estabelecidos, nos vemos colocando em choque visão e intuição. Pensar e sentir. Esquecendo que o sentimento, muitas vezes, não faz sentido. Se a vida não tem um sentido claro, por que nossas ações precisam ter?