INSTINTO
Autor: Geovani G. Vilela
Quando nasci eu era instinto
E agora ao meio-dia um quarto extinto
E se a moral me educar até o entardecer
Será quase impossível de eu continuar de pé
Se a moral me educar até o entardecer
Andarei curvado à noite e não verei o céu
Então eles me darão livros sagrados e me prepararão
Fiel e esperançoso repousarei e terei sonhos e visões
Aquele homem que viria a ser está morrendo
E quando a nova criatura surgir por completo
Estarei liberto deste mundo “profano e decaído”
Então estarei morto, não restará mais instinto
Quando acordei pela primeira vez eu nasci
Quando dormi pela primeira vez eu também nasci
Agora todo acordar é um alerta de morte
E todo dormir uma contemplação da eternidade
Renego a vida que me deram
Renego a tudo que me submeti
Renego direitos e deveres estabelecidos
De tanto que vivi me cansei, não mais
Tomo posse do que sou e do que é meu
E de posse de mim é que comunico:
Sou todo eu, e não abro mão de mim
Não me vendo, não me troco, nem um pouquinho
[Para uma melhor experiência, ouça a declamação deste poema no meu podcast diário “A Inspiração e Eu” disponíveis no Spotify ou outros agregadores.]