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Description

Estou confinado em Morretes, uma bucólica cidade aos pés da Serra do Mar.
Natureza exuberante, fauna riquíssima, animais exóticos.
Presença corriqueira, a raposa faz muito estrago. Atabalhoada, por onde passa deixa, tudo virado de cabeça para baixo. Uma trapalhona.
Diferente do gato, felino delicado, astuto, traçoeiro conforme seu instinto, que quando pega coisas na cozinha, toma o cuidado de mascarar sua passagem, não deixando uma colher fora do lugar. Um fantasma.
Olhando as águas límpidas do Nhundiaquara, me veio à mente dois políticos. Um, raposa, outro gato. Um, trapalhão, outro ladrão dissimulado.
De estilos diferentes, têm em comum a falta de cultura e de conhecimento, o despreparo, a incapacidade para o trabalho, a visão estreita e a obsessão pelo poder.
Com nenhuma sensibilidade para ter uma visão de mundo, nem respeito à técnica e à ciência, pensam que governar é impor suas retrógradas e empíricas opiniões.
Veem em cada auxiliar uma ameaça e, por isso mesmo, quando rápido se desfazem dos competentes, terminam cercados de puxa-sacos e radicais.
E não existe radical de esquerda ou de direita. Radical é quem, mesmo podendo e sabendo, não quer pensar.
O mundo de joelhos, rezando pela vida, e a raposa atabalhoada trabalhando pelo mandato-já o próximo- e o gato sorrateiro conspirando para conquistar outro mandato. Radicais iguais de estilos diferentes.
Olha, o Cristo foi crucificado na cruz do meio, o lugar dos equilibrados, dos sensatos e dos justos.