O gosto da ambição
O champanhe borbulha na taça de cristal, misturando-se ao vermelho denso do vitae, criando redemoinhos escarlates antes de deslizar por sua garganta. O sabor é decadente, perverso, uma mistura de prazer e poder que faz Rubi fechar os olhos e saborear cada gota como se fosse um segredo sussurrado nos salões proibidos da noite. As cerejas boiam no líquido carmesim, tão tentadoras quanto as promessas feitas na última noite, aquelas que ainda queimam em sua mente como uma chama insaciável.
Sayuri Chan a recebeu com um sorriso tão afiado quanto uma lâmina, os olhos semicerrados escondendo perigos e segredos, e conduziu-a ao coração do Cassino Xangai, onde o verdadeiro jogo não acontecia nas mesas luxuosas, mas sim nos becos escuros, nos acordos selados em sangue e nas apostas onde as fichas eram vidas. O Jogo do Tigrinho era mais do que um vício—era um labirinto de fraudes, dívidas impagáveis e quedas irreversíveis. Lá, não existiam limites. A ganância consumia até os mais experientes e transformava magnatas em meros peões. Ela observou homens se destruírem em uma única jogada, roletas que giravam como sentenças de morte, e risadas abafadas que escondiam traições.
Agora, no camarote VIP, Rubi contempla a vista do ringue clandestino abaixo, os olhos reluzindo como brasas enquanto o sangue escorre pelos cantos da lona suja. Ela não se espanta. Ela não se choca. Ela apenas compreende. O mundo pertence àqueles que têm a coragem de sujar as mãos, de jogar além das regras. E ela não veio para ser apenas uma espectadora. Vegas está em jogo. E Rubi pretende vencer.
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