"Porque eu acho que existe uma narrativa que é muito do retorno, né? A gente foi privado de uma tanta coisa, [durante] tanto tempo, e aí beleza, agora tá tudo bem. Vai ser meio aquele momento de tipo fogos de artifício assim, todo mundo tipo: 'Nossa, finalmente!'. Só que de novo, isso para quem? Quem que vai poder comemorar isso? Cara, quem perdeu parente não vai comemorar isso do mesmo jeito, né? Enfim, por mais que as coisas queiram que a gente chama de "normal", cara, não é normal o que vai acontecer agora na volta. Não é normal o que está passando. Não sei se a gente vai conseguir normalizar essa situação. Tá todo mundo meio que em ebulição assim né? Tudo vai voltar àquele ritmo louco assim, mas com essa tragédia no nosso retrovisor assim bem pertinho da gente, né? Como que isso tudo vai se converter pra gente eu não tenho a menor ideia, mas de novo, eu espero que isso seja um crescimento. Espero que a gente lembre, leve os aprendizados para isso: 'Ó, esse aqui é o preço que se paga quando a gente faz escolhas burras', achando que uma pessoa que já tinham sinalizado para gente que não defende a ciência, que tipo é preconceita, homofóbica, racista, machista, incompetente, corrupta. Você põe uma pessoa dessa para gerenciar um país achando que o que vai acontecer é… Um milagre, né? Só pode".
ADAUTO BRAZ, 24 anos, em conversa no dia 4 de julho de 2021.
Transcrição da conversa: https://saopauloisolada.com.br/2021/09/20/quem-que-vai-poder-comemorar-isso/