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Nesse 4º episódio, Diogo Correa e Gabriel Peters conversam sobre o tema das múltiplas concepções do self. 

Na medida em que arranjos sociais dependem da conduta de agentes humanos concretos, não se faz sociologia sem se pressupor alguma “psicologia” no sentido amplo da expressão: uma concepção quanto à ação individual e seus motores subjetivos, a qual acarreta, por seu turno, uma teoria da subjetividade (sujeito, self, agente, psique etc.). Por outro lado, qualquer análise psicológica de indivíduos humanos reais tem de reconhecer que o social não existe somente fora dos indivíduos, mas também dentro e através deles, já que diferentes contextos sócio-históricos moldam diferentes “estruturas de personalidade” ou “formas de subjetividade”. O entrelace entre indivíduo e sociedade transborda para uma das questões centrais no exame da condição humana, relativa à unidade e à pluralidade internas da subjetividade. Sou um? Sou muitos? Sou um e muitos? Quando pressuponho que sou essencialmente a mesma pessoa que era dez anos atrás, é porque tenho a experiência íntima de um núcleo de identidade pessoal que permanece o mesmo a despeito das transformações pelas quais passo? Ou será que sou crédulo de minha própria ficção narrativa, ancorada em todos os dispositivos sociais voltados à confirmação da sua (i.e., minha) “realidade” (p.ex., fotografias, vídeos e carteiras de identidade)? O indivíduo que é tímido diante do seu chefe no trabalho, mas se torna autoritário na esfera familiar, permanece sendo o mesmo agente em ambos os contextos? Ou tratar-se-ia de um “mesmo” organismo biológico que, no entanto, encarna ou atualiza “agentes” diferentes em cenários também diferentes de ação? Em que medida a unidade e a multiplicidade do self são favorecidas pelas esferas institucionais e pelas tendências históricas da contemporaneidade? Finalmente, segundo nossas concepções éticas da boa vida, é “preferível” ser uno ou múltiplo? Ou estará a questão mal colocada? 

Ao tratar do “self múltiplo” e de múltiplos conceito de “self”, o Resenhemus traz uma conversa sobre temas existenciais que enlaçam a sociologia, a filosofia e a psicologia em mais uma tentativa de dar sentido ao nosso presente.

Créditos

Apresentação e concepção: Diogo Correa e Gabriel Peters

Direção: Barbara Grillo

Edição: Rodrigo Cantu

Música tema: Grillo 蟋蟀 / @ogtgrillo