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Filme de Jaime Monjardim, com a atriz Camila Morgado, baseia-se na biografia da Olga Benário Prestes, esposa de Luís Carlos Prestes, deportada grávida do Brasil. 




Olá, ouvintes! Eu sou Rochele Prass, doutoranda em Processos e Manifestações Culturais na Universidade Feevale e estou aqui para falar sobre mídia e cultura.// 


Curtir um filme nesses dias de frio tem muito valor./ Por isso, resolvi falar hoje sobre uma produção brasileira que sou fã e já andei analisando para apresentação em eventos científicos./ Olga, de Jaime Monjardim, lançado em DOIS MIL E QUATRO, tem a atriz Camila Morgado representando a alemã judia, que foi  deportada grávida do Brasil na década de TRINTA./ A história se baseia no livro de Fernando Morais, lançado em MIL NOVECENTOS E OITENTA E CINCO, que é uma biografia da integrante do partido comunista.// 


Muita gente já havia ouvido falar em Luís Carlos Prestes, certo?/ Mas até o lançamento dessas produções, Olga Benário Prestes era apenas a esposa do cavaleiro da esperança./ Ela permaneceu esquecida, à margem da historiografia, por muitos anos./ Afinal, boa parte do que aprendemos na História foi pesquisado, interpretado e escrito por alguém./ E em uma sociedade machista como a nossa, não é de se admirar que heroínas do passado recebam pouca atenção nos livros que estudamos./ A trajetória de Olga Benário Prestes tem, ainda, um agravante: o assunto do comunismo./ O autor Fernando Morais conta no livro que sempre admirou a figura de Olga, mas que falar sobre ela só se tornou possível depois da redemocratização do Brasil, na década de OITENTA.// 


Para quem não sabe ou não lembra, o filme OLGA mostra toda a trajetória da alemã./ Desde muito jovem, ela já tinha a determinação de uma mulher adulta e participava de protestos de trabalhadores na Alemanha./ Depois de treinamento no partido comunista , Olga recebe uma missão: proteger Carlos Prestes em viagem de volta ao Brasil./ Aqui é muito interessante a gente pensar que Olga, uma mulher, era a responsável pela segurança do homem que liderou a Coluna Prestes./ Ela voltaria para a Europa, mas algo que ela sempre evitou aconteceu./ Apaixonou-se por Prestes e o protegeu até ele ser preso pela sua atuação política./ Já na prisão, a líder comunista descobre que está grávida./ E tem uma cena icônica do filme, de quando ela revela a jornalistas e pede ajuda internacional./ Vamos ouvir um trechinho:


Trecho 


Apesar da campanha internacional, que foi iniciada pela mãe e irmã de Prestes, Olga é entregue como um presente de Getúlio Vargas ao regime de Hittler./ O filme mostra cenas tristes e comoventes, pois Olga, como tantas mulheres judias, sofre as crueldades do nazismo./ O parto acontece quando ela já está em uma prisão na Alemanha./ Ela permanece com a bebê enquanto ainda pode amamentar./ Depois, a criança é entregue à família paterna e Olga vai para um campo de concentração, onde é morta na câmara de gás./ Eu vou rodar mais um trechinho do filme, quando a atriz Camila Morgado lê a última carta de Olga para a filha Anita e Prestes.// 


Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão por que se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue.  


Os ideais de Olga, os horrores do nazismo e da repressão são pontos centrais de uma narrativa que ilustra chagas ainda abertas na história da humanidade./ É um filme pra a gente refletir sobre atrocidades já cometidas para impedir que outras visões políticas e ideológicas ameacem os interesses dos poderosos./ E, independente das discussões sobre o comunismo, que ressurgem com força nos últimos anos, a história de Olga, da escrita do livro e lançamento do filme nos mostram uma coisa: temos que celebrar a liberdade de expressão.//