O santo de Assis
No suave mistério dos espaços, Santa Maria dos Anjos inda existe, Com a mesma luz divina dos seus traços, Glorificando as dores da alma triste, Repartindo a Virtude, a Graça e os Dons Que a palavra divina do Cordeiro Prometeu aos pacíficos e aos bons Do mundo inteiro...
Uma nova Porciúncula, dourada Pelos astros de mística alvorada, Aí se rejubila,
Sob a paz de Jesus, terna e tranqüila, Derramando no Além ignorado Os sonhos de Virtude e Perfeição, Daquela mesma Umbria do passado, Cheia de encantamento e de oração.
A luz dos sóis da etérea Natureza, Numa doce e ideal Eucaristia,
O Esposo da Pobreza
No seu manto de amor e de alegria Inda abre os braços para os pecadores...
“Irmão Sol, irmãos Anjos, irmãs Flores, Não nos cansemos de glorificar
A caridade imensa do Senhor,
Sua sabedoria e seu amor, Procurando salvar
Os nossos irmãos Homens mergulhados Entre as noites sombrias dos Pecados!...
E à voz suave e dúlcida do Santo,
A Terra escura e triste se povoa
De anjos de amor, que enxugam todo o pranto E que levam consigo
Todo o consolo amigo
Da Esperança no Céu, singela e boa...
Das paragens etéreas
Da sua ideal igreja,
São Francisco de Assis abraça e beija
O homem que sofre todas as misérias, Amparando-lhe a alma combalida Nos desertos de lágrimas da Vida... E o conduz
Ao regaço divino de Jesus!...
Santo de Assis, divino “poverello”, Nas amarguras do meu pesadelo De vaidade do mundo, que devasta Todo o bem, vi tua luz singela e casta Beijando as minhas lepras asquerosas... Uma chuva de lírios e de rosas Lavou-me o coração de pecador
E guardei para sempre o teu amor.
Santo de Assis, irmão da Caridade, Que me curaste as lepras e a cegueira, Depois da morte, à luz da imensidade, Quero ainda abençoar-te a vida inteira... do livro - Parnaso de Além-Túmulo - Francisco Cândido Xavier