Refletindo sobre a localização existencial da Filosofia Clínica no cenário das filosofias aplicadas e outras expressões terapêuticas, em "Enraizamento e Abertura", Ana Rita de Calazans Perine (filósofa clínica, cofundadora do Instituto ORIOR - resgate filosófico, transdisciplinaridade e sustentabilidade) recebe Fernando Fontoura (filósofo, terapeuta, professor da Casa da Filosofia Clínica e da Epoché), que discorre sobre a singularidade da Filosofia Clínica, sua posição de Metaterapia e os cuidados necessários ao dialogar com outras áreas do conhecimento, evitando erros de categoria prejudiciais a interseção.
Links disponibilizados pelo Convidado:
casadafilosofiaclinica.blogspot.com
https://epochefilosofiaclinica.com/
Leitura sugerida: "Ideias para uma Fenomenologia Pura e para uma Filosofia Fenomenológica" / Edmund Husserl
Texto Introdutório:
"As origens da Filosofia já enlaçam seu caráter fenomenológico, relacional e terapêutico. Sua história, composta de trilhas percorridas e estradas recém pavimentadas, tem como horizonte a promoção de bem-estar integral.
A Filosofia não se restringe a Academia, pelo contrário, é justo ao longo do processo histórico que ela paulatinamente se torna acadêmica. A presença do livre exercício de sentir, pensar e viver (com os assombros derivados) é lida na humanidade desde os primeiros grunhidos e expressões rupestres até as volumosas teses dos centros de excelência contemporâneos.
Estudos comparados entre civilizações distintas, cada qual com suas categorias, retrato de época e cultura, não raro revelam maiores e mais significativas semelhanças do que diferenças. Os indícios são de que os períodos mágico, religioso, filosófico e científico da humanidade sempre coexistiram, já que respeitadas as singularidades de indivíduos e desafios enfrentados, todas as épocas fizeram, a seu modo: arte, ciência, política e religião.
Seria atitude desprovida de inteligência, lógica e razão não legitimar diferentes vias de acesso. Quando examinadas pelo viés filosófico que as correlaciona, muros caem e pontes surgem.
Imersos no fluxo da existência, com a filosofia como ferramenta cotidiana, somos corresponsáveis por mantê-la viva, (plástica, tocando e sendo tocada), nos afastando da necrose vinda da rigidez de dogmas. Enraizados sim, na nossa própria história, em quem somos e no que nos cabe, e justo por isso, com abertura, ousadia e coragem suficientes para construir e trilhar pontes ao invés de erguer muros."
(Ana Rita de Calazans Perine)