Nesta quarta-feira (19), Atílio Bari aproveita para falar sobre os 231 anos da morte de Tiradentes, considerado o mártir da Inconfidência Mineira.
“Num 21 de abril, Joaquim José da Silva Xavier foi retirado logo cedo da sua cela e conduzido à forca no Campo da Lampadosa, atual Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro, por ter sido apontado como o líder de um movimento contra a Coroa Portuguesa. Vestia uma espécie de manto branco, providenciado pela Santa Casa de Misericórdia. Executado com requintes de crueldade, Tiradentes foi o único, dentre todos os conspiradores, a sofrer a pena de morte”, destaca o escritor.
Atílio Bari, no entanto, questiona: “Tiradentes não era um pobre coitado. Assim como os demais inconfidentes, ele era um proprietário de terras e bens na região de Rio das Mortes, em Minas Gerais. Na qualidade de alferes, que seria uma espécie de tenente hoje em dia, foi durante um tempo o responsável pelo controle das extrações de pedras preciosas”.
O colunista complementa: “Com a proclamação da República, em 1889, veio a ideia de se eleger um herói nacional, no intuito de aproximar o novo governo das camadas populares. Mas quem? Procura, procura, procura, até que se lembraram do Joaquim José da Silva Xavier. O nome agradou as forças armadas, afinal, ele tinha sido um militar. Foi também uma espécie de dentista, um tira-dentes, profissão considerada de pouca expressão na época, e isso lhe dava o status de ‘homem do povo’”.
Concluindo o argumento, Bari opina: “Pronto, o departamento de marketing e comunicação institucional da República gerou na sua prancheta o Tiradentes herói, que foi um sucesso: virou nome de ruas, escolas e praças em todo país. E ainda por cima criou um feriado nacional, para alegria geral”.
Atílio Bari é idealizador e apresentador (ao lado de Chris Maksud) do programa Persona, da TV Cultura, e também participa do "Estação Cultura", todas as quartas-feiras. A coluna aborda espetáculos de teatro, livros, outras formas de dramaturgia e assuntos da atualidade, que muitas vezes se aproximam da ficção.
O "Estação Cultura", com apresentação de Teca Lima, vai ao ar pela Rádio Cultura FM 103.3 e 77.9 FM estendida, de segunda a sexta-feira, às 10h. O programa é transmitido também na Rádio Cultura Brasil AM 1200 e no aplicativo Cultura Digital.