Uma das atividades que menos aprecio na vida acadêmica é dar prova. Eu certamente compreendo a necessidade de avaliar o processo de aprendizado de alguma forma, seja por conta da necessidade de avaliar a eficiência do ensino, seja por conta da necessidade de avaliar o processo de aprendizado, ou seja por conta da necessidade formal de assegurar a aptidão para a execução de uma certa tarefa, como a condução de uma atividade profissional. Por isso, no final das contas, a prova é apenas um documento que dá suporte a um certo parecer: apto ou inapto, aprovado ou reprovado. Por isso, em um concurso talvez a prova faça sentido, mas tenho minhas dúvidas sobre o uso da prova em processos de avaliação do aprendizado.
Deve ser ressaltado que, além de tudo, a aplicação de uma prova é muito chata, porque essa tarefa tem tom policialesco (para garantir que não há burla no processo) e impõe a correção de um mesmo exercício dezenas (frequentemente, mais de uma centena) de vezes. Para piorar, a prova avalia apenas um momento, ao invés de um processo, que pode ser já diferente imediatamente após a prova, pois a prova não mede o aprendizado decorrente da própria prova. Finalmente, a prova usualmente não consegue avaliar o todo, mas um fragmento do conhecimento transmitido e que o docente considera por alguma razão mais importante.
Por todas essas razões e certamente por causa da influência da pós-graduação, eu sempre preferi as avaliações baseadas em trabalhos. Os trabalhos são em geral mais envolventes (obrigando o estudante a pensar no tema trabalhado por mais tempo e mais profundamente), mais abrangentes (envolvendo múltiplos aspectos do problema abordado), permitem avaliação do processo de aprendizado de forma mais continuada (por meio das trocas com os estudantes) e podem inclusive envolver aspectos originais (estimulando o aprendizado de estudantes e docentes). Curiosamente, exatamente por ser mais envolvente e abrangente, os trabalhos são frequentemente dispensados por estudantes, que com frequência preferem as provas.
Visitei certa vez uma universidade estrangeira em que as avaliações eram sempre feitas com base em tarefas, que os estudantes deveriam executar ao longo de um período (tipicamente, um semestre). As tarefas envolviam questões práticas e teóricas, como montar um equipamento, realizar experimentos de reações químicas, medir os resultados e explicar os resultados obtidos com auxílio de ferramentas teóricas e matemáticas. Muito legal !!!! Devo admitir que a maior parte das instituições brasileiras não teria condições de implementar um processo de avaliação e aprendizado como esse, tendo em vista que essa metodologia demanda infraestrutura e preparo que não estão usualmente disponíveis.
Enquanto isso, vamos hoje aplicar mais uma prova. Chaaaaatoooooo ...