Vida Abundante
Jesus sempre foi questionado sobre o que é certo e errado, cobravam dele uma resposta e uma atitude objetiva sobre os dilemas da vida. É lícito pagar imposto? Diante do adultério a lei manda apedrejar, e aí? É certo curar no sábado? E por aí vai. Ainda hoje muitos esperam de Jesus uma lista objetiva de "certos" e "errados". Estes, como os fariseus, seguem frustrados com a proposta final de Jesus, uma vida para que a tenhamos com abundância.
Então quer dizer que Jesus deixa tudo correr solto, pode tudo, é graça, então tudo é festa? Não. Esta ideia está centrada na ilusão de que o ser humano melhora pelo seu esforço em ser bom (um erro). Toda vez que estudo sobre Jesus (pela crítica e pela devoção) sou apresentado a uma proposta de vida de dentro para fora. Nossa busca por um caminho objetivo e bem ordenado é uma forma de aprisionamento, porque a vida é dinâmica, ampla, muitas vezes caótica. Então, na ânsia por pavimentar um caminho, forçamos o formalismo e uma regra rígida. Resultado: sepulcros caiados e muita hipocrisia.
O ser humano corrompido, envolvido pela velha natureza anseia por uma religião de ordem, regra e o legalismo. Por outro lado, o ser regenerado em Cristo apenas ouve a voz do bom pastor e isso basta, mesmo em meio a tantos ladrões que vêm apenas para matar, roubar e destruir (um dos ladrões é o nosso próprio coração corrompido). Alguém poderia dizer: "isso é muito liberal, não vai dar certo!" Talvez não dê certo para nossa religiosidade templária, dogmática e moralista, mas para aquele povo que seguiu, viveu Jesus era algo natural.
Nada contra dogmas, doutrinas, moralidade e regras desde que sirvam à vida, pois nós não fomos feitos para a Lei, mas a lei foi feita para a vida. É na vida que tudo acontece e Jesus é Vida, Verdade e Caminho. Portanto a religiosidade não pode determinar a espiritualidade. Precisamos considerar a vida como o ponto principal e de partida para nossa espiritualidade. A partir daqui, poderemos avançar profundamente na realidade dessa vida abundante, para depois construir uma religiosidade muito mais saudável, orgânica, viva de verdade. Porque se Jesus for a nossa vida Ele será nossa lei, nosso dogma, nossa moral.
Cezar Uchôa Júnior
09.02.22