Daniel inicia a entrevista contando sobre seu livro mais recente, publicado em 2019, em que faz um contraponto de conceitos das obras de Ferenczi e Lacan. O psicanalista fala sobre como chegou nesse tema, a partir de sua crítica ao funcionamento dogmático de certos psicanalistas e de algumas instituições de psicanálise: trabalho desafiador sobre a autenticidade, que questiona os modos de formação do psicanalista, a transmissão e as produções de saber, além das relações de poder que se estabelecem no campo psicanalítico.
No segundo bloco, o entrevistado conta como foi o processo de publicação do livro, que faz parte da coleção ‘Ato analítico’, e é fruto da sua tese de doutorado; faz uma reflexão sobre o lugar do analisante e a função do psicanalista, incluindo a noção de autenticidade e do ser do analista para além da técnica da psicanálise. Rejeição e política na relação com os pares foram reações que precisou encarar em razão dessa produção. Em relação ao conteúdo do livro, Daniel aborda diferenças entre Lacan e Ferenczi e os conceitos de mentira, fantasia e trauma, incluindo as consequências clínicas das diferentes leituras na direção do tratamento.
No terceiro e último bloco, Daniel conta sobre a elaboração do seu primeiro livro, em que trabalha o entendimento da masculinidade na atualidade, associando os conceitos psicanalíticos com a obra de Nelson Rodrigues “A vida como ela é”. No livro, aborda a noção de satisfação na neurose obsessiva e questões edípicas. Daniel faz indicações de seus livros e, para finalizar, fala do processo de formação do psicanalista e das mudanças que atravessa ao longo da sua trajetória profissional.
*Daniel Migliani Vitorello é psicanalista, Pós-doutor em Psicologia Clínica pela USP, autor de “Mantenha distância – o imaginário obsessivo de Nelson Rodrigues” e “Autenticidade do psicanalista: entre Ferenczi e Lacan”, ambos pela editora Annablume.