Patrícia conta sore seu percurso profissional e sobre como se deu o encontro com o tema do abuso sexual na clínica. A psicanalista fala do entrecruzamento do campo jurídico com o campo psicanalítico, interseção que marca seu cotidiano. Ela conta, também, como as narrativas que escutava nos atendimentos abriram uma questão, que se transmutou na sua pesquisa de mestrado, em que estudou a noção de “transmissão psíquica entre gerações” e o conceito de Repetição, além de revelar os autores da psicanálise que nortearam esse trabalho.
No segundo bloco, Patrícia explica os conceitos de “violência institucional” e “revitimização”, ressaltando a importância dos cuidados na abordagem das vítimas de violência sexual, do papel daquele que escuta e do preparo dos profissionais no que diz respeito às questões técnicas. A psicóloga também ressalta a contribuição que a psicanálise tem a partir da sua ética particular.
No último bloco dessa entrevista, o assunto é a noção de “descrédito”, desenvolvida pelo psicanalista Sandor Firenczi. Que mensagem é passada para a criança vítima de abuso através daquele que a interroga? A abordagem do caso é dividida em momentos específicos, e é essencial que a realidade psíquica do sujeito possa ser escutada. Patrícia também fala das angústias que o trabalho suscita nos profissionais envolvidos e destaca que além do trabalho jurídico, um tratamento de saúde adequado, um acolhimento, possa ser ofertado aos envolvidos.
*Patrícia Lages é psicóloga e psicanalista, Especialista em Filosofia e Psicanálise pela UFPR, Mestre pela UFSC e autora do livro: ‘Abuso sexual infantil através de gerações’, pela editora Juruá