Hoje eu vou falar sobre a Jade, A arara.
Santana da Ponte Pensa, uma pequena brande cidade no interior de São Paulo, guarda em sua memória histórias contadas e vividas por seus habitantes. Uma dessas histórias é a minha, narrativa entrelaçada com a vida de Jade, a arara-canindé que voava livre pelos céus dessa cidade e que, em um belo dia, deixou de frequentar nossos lares e praças.
Para entender Jade, é preciso entender as araras-canindé, espécime maravilhoso que colore os céus brasileiros com seu deslumbrante contraste de azul e amarelo. Dotadas de inteligência surpreendente, essas aves têm uma personalidade única, combinando curiosidade, audácia e uma certa dose de teimosia. Jade era a personificação de todas essas características, com um toque de graça e charme que a tornavam inesquecível.
A arara-canindé, ou Ara ararauna, como é cientificamente conhecida, é uma das espécies de araras mais comuns no Brasil. Seu habitat natural se estende desde a América Central até o Sul do Brasil, Bolívia e Paraguai. A canindé é uma ave de porte grande, chegando a medir até 90 centímetros de comprimento. Seu corpo é predominantemente azul, com detalhes em amarelo dourado na barriga e parte inferior das asas. São aves que vivem em bandos e possuem uma estrutura social complexa.
Jade, com sua plumagem vibrante, parecia ter sido pintada a mão pelos deuses. A primeira vez que a vi, ela estava pousada no alto de uma árvore, olhando curiosamente para o movimento da cidade. Sua presença era tão marcante que parecia trazer um pedaço da floresta para a nossa rotina urbana. Jade tinha uma liberdade invejável, podia voar para onde quisesse, mas escolheu Santana da Ponte Pensa como seu lar.
A convivência com Jade era uma alegria diária. Ela nos visitava frequentemente, sempre à procura de algo interessante ou delicioso. Era comum vê-la pousada no parapeito da janela, observando atentamente o interior das casas, como se quisesse entender a vida humana. E nós, encantados com sua presença, oferecíamos frutas, sementes, e carinho, muitas vezes retribuído com um olhar curioso ou um som estridente, típico das araras.
Para mim, Jade era mais do que uma simples ave, era um símbolo de liberdade e de conexão com a natureza. Sua presença me lembrava da beleza e diversidade do nosso país, da importância de preservar nossas riquezas naturais e da responsabilidade que temos de coexistir harmoniosamente com todas as formas de vida.
Atualmente, quando olho para o céu e vejo uma arara-canindé seja voando livremente ou até mesmo em fotografia ou imagem, sorrio e penso em Jade. Ela pode não estar mais aqui, mas seu espírito permanece conosco. E, de alguma forma, sinto que ela ainda está aqui, voando alto no céu, olhando para baixo e nos lembrando de apreciar a beleza do mundo ao nosso redor.
Então, aqui estou eu, contando a história de Jade, a arara-canindé de Santana da Ponte Pensa. Não é apenas a história de uma ave, mas a história de uma cidade, de seu povo e de seu amor pela natureza. É uma história de conexão, de aprendizado e de admiração. E, acima de tudo, é a história de como uma única criatura, com sua beleza e espírito livre, pode deixar uma marca indelével em nossas vidas.
Jade, onde quer que esteja, saiba que você nunca será esquecida. Você será sempre lembrada como a arara-canindé que nos ensinou a amar a natureza, a respeitar a vida selvagem e a valorizar a liberdade. E, através de sua memória, você continuará a inspirar as gerações futuras a fazer o mesmo.
Espero você para a próxima historia de Crônicas Santanenses!
Fique com a Paz e o Bem