Quando falamos os termos maternidade e paternidade, a que estamos nos referindo? O que é ser mãe ou pai e o que é ser responsável por uma vida, por sua educação, seu cuidado, seus afetos?
O nascimento de uma criança pode trazer à tona uma miríade de sentimentos e reações. Responsabilizar-se por outro ser humano preconiza, sim, nossa disposição e capacidade para o afeto. No entanto, ela pressupõe a existência e a provisão de condições básicas para que tal responsabilidade possa se dar de maneira digna. Por razões várias, famílias originais se veem impelidas a abrir mão de seu poder familiar em prol do bem-estar daquele indivíduo que, doravante, será de responsabilidade temporária do Estado.
Para muitas destas crianças, a adoção configura-se como a única solução e possibilidade de convívio familiar. Os meandros que envolvem esta filiação socioafetiva, porém, perpassam questões que dizem respeito a desejos, expectativas e frustrações. Mais do que suprir uma necessidade parental, o instituto da adoção tem como razão precípua o caráter urgente em garantir às crianças lares e possibilidades de relacionamentos. Em um país onde o número de possíveis adotantes supera o de crianças disponíveis para adoção, o que explica a permanência de milhares delas em instituições de acolhimento?
Se esta conta não fecha, é sinal de que há razões outras que condicionam esta decisão que vão muito além da matemática básica. A decisão por adotar – e ser adotado – deveria partir da premissa basilar de que laços afetivos são construídos na dinâmica própria da vida, com suas vicissitudes e percalços e que pouco, ou nada, tem a ver com laços sanguíneos ou expectativas fenotípicas. A adoção deveria pressupor a compreensão da criança como um indivíduo em si, sujeito de direitos e, também, desejos. E é por essa razão que hoje partimos da seguinte pergunta: e se eu for adotada?
Apresentadoras desse episódio: Lari Polido @polidolari, Carol Bastos @carolbastos05 e Bárbara Primo @barbara.primo_.
Convidada do episódio: Mariana Stoliar @maristoliar.
Siga o MUDA no Instagram: @_m.u.d.a._.
E-mails: mande dúvidas, críticas, elogios e sugestões de pauta para: contato.muda.podcast@gmail.com
Edição: Carol Bastos. Músicas utilizadas no epísódio: Ghostrifter Official - Soaring (No copyright music from SoundCloud) e Acoustic_Folk Instrumental (No copyright music from SoundCloud).