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🎙️ ROTEIRO POCKET – BRASIL x PARAGUAI: ENTRE A ESPIONAGEM E A CRISE DO ANEXO C

Olá, pessoal! Hoje a gente precisa falar sobre um tema quente da política internacional sul-americana: o novo embaraço diplomático entre Brasil e Paraguai. E esse caso tem de tudo: espionagem, crise de confiança, energia elétrica e... Itaipu. Sim, ela mesma, a maior hidrelétrica do mundo em geração acumulada. Bora entender o que tá pegando?

🔍 1. O estopim: espionagem digital

Tudo começou com uma revelação bombástica. A Polícia Federal brasileira apurou que a ABIN — Agência Brasileira de Inteligência — teria executado ações de espionagem digital contra autoridades do governo paraguaio. O objetivo? Obter informações sensíveis para influenciar as negociações sobre a energia elétrica de Itaipu.

Segundo as investigações, os ataques teriam começado ainda no governo Bolsonaro, mas continuado no início da gestão Lula. E é aí que a coisa complica. Mesmo que o Planalto diga que suspendeu a operação em março de 2023, o estrago diplomático já estava feito. O Paraguai reagiu: convocou seu embaixador de volta, cobrou explicações formais e — o mais importante — suspendeu as negociações do Anexo C do Tratado de Itaipu.

📜 2. O que é o tal Anexo C?

Esse é o coração do problema. O Anexo C define as regras financeiras da comercialização da energia gerada por Itaipu. E ele expirou em 2023, após 50 anos em vigor. Com a dívida da construção da usina quitada, agora os dois países discutem novos termos para dividir os custos e os lucros dessa gigantesca operação.

E é aí que entra a geopolítica da energia.

📈 3. O que o Paraguai quer?

O Paraguai tem três objetivos muito claros:

  1. Receber mais dinheiro pela energia que cede ao Brasil;

  2. Poder vender sua parte da energia livremente a outros países;

  3. E garantir que parte dos lucros seja usada em obras e políticas públicas dentro do território paraguaio.

E a gente precisa lembrar de uma coisa: a energia de Itaipu representa cerca de 88% do que o Paraguai consome, mas como ele não utiliza tudo que tem direito, tradicionalmente o Brasil compra esse excedente — e por preços que o Paraguai considera injustos.

🇵🇾 4. Um tom nacionalista no Paraguai

Lá no Paraguai, esse debate é altamente politizado. Existe um forte discurso nacionalista, com críticas ao que se chama de “imperialismo energético brasileiro”. E isso tem raízes históricas, que remontam até a Guerra do Paraguai no século XIX. O caso da espionagem reacendeu essas feridas — e deu força a quem já defendia uma renegociação mais dura com o Brasil.

🤝 5. Santiago Peña e o jogo diplomático

O atual presidente do Paraguai, Santiago Peña, vinha mantendo uma relação muito boa com o governo Lula. Inclusive, nos bastidores, já havia conquistado várias vitórias diplomáticas: como o aumento da tarifa provisória paga pelo Brasil e o reconhecimento de uma dívida de US$ 150 milhões por desacordos anteriores.

Mas agora, com a revelação da espionagem, Peña se viu pressionado internamente. E a decisão de suspender as negociações do Anexo C é um sinal claro: sem confiança, não tem acordo.

🕵️‍♂️ 6. A ABIN fez errado?

Essa é uma pergunta complicada. Espionagem entre países acontece — e todo mundo sabe disso. Como disse o analista Lourival Santana: “É para isso que servem os serviços secretos. O problema é quando isso vaza.”

A falha, nesse caso, foi a exposição. A relação bilateral foi prejudicada porque o que era prática de bastidor virou crise pública. E o mais grave: o vazamento teria vindo da própria Polícia Federal, criando um atrito interno no Brasil entre instituições que deveriam estar alinhadas.

⚠️ 7. E agora?

O governo brasileiro tenta amenizar os danos. Diz que a espionagem foi coisa do governo anterior, que suspendeu tudo em 2023 e que está comprometido com a transparência. Mas o fato é que as negociações de Itaipu estão travadas. E o Paraguai deixou claro: só volta à mesa depois de esclarecimentos formais.