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Description

Passei muitos anos zangado o tempo todo. Logo que comecei a fazer meus inventários percebi que queria me livrar daquela postura amarga que condenava tudo e todos.  Percebi a escalada na intensidade dos meus sentimentos; que sentia raiva se me machucava ou me cortava num pequeno acidente. E logo passava. 

Percebi remexendo meu passado que sentia ódio; que era uma dor que inflamava meu coração por anos a fio; acompanhada de desejos de vingança. Mas a ira me passava despercebida. E normalmente sua origem estava só na minha cabeça. Até ouvir nas reuniões a história que segue:  “Um jovem pediu emprestado o violão de seu amigo; que emprestou alegremente; mas pediu que lhe devolvesse em uma semana. Como o jovem estava desfrutando muito do violão decidiu ficar com ele mais uma semana. E a semana rapidamente se transformou em 1 mês. Sentindo-se muito culpado e envergonhado o jovem perdeu a vontade de tocar e deixou de lado por mais 1 mês elaborando uma boa desculpa para a devolução tardia.   

Como não tinha coragem de devolver sem sofrer as consequências, tirou o violão da vista e assim passou 1 ano. Esse jovem entrou em recuperação e conseguiu coragem suficiente para fazer a coisa certa e devolver o violão ao amigo. No caminho sua mente estava dominada pelos diálogos que ele ia encontrar e pensava: quando ele abrir a porta vai me xingar. Eu vou me desculpar, mas ele vai me ofender.   Eu vou lhe explicar e confessar minha covardia, mas ele vai me agredir. Se ele me agredir eu posso dar um soco nele e sair correndo. 

Mas ele vai atrás de mim e pode até estar com uma faca, é melhor eu botar a mão no bolso e segurar meu canivete, mas ele pode abrir a porta com uma arma nas costas, é melhor eu bater na cabeça dele com o violão tão logo ele abra a porta e... – Chegou frente a porta. Mas estava determinado. Não voltaria sem devolver o violão, a qualquer custo. Fez uma oração rápida e com a mão trêmula bateu na porta.   A porta se abriu; era o amigo. Antes que o rapaz pudesse se mover o amigo abriu os braços e disse: - Meu amigão! Quanto tempo, como eu estou feliz em te ver de novo, entra, vamos comemorar e botar a conversa em dia, te procurei muito esse tempo todo. Que bom que você está aqui!”  

A moral dessa história é que minhas iras normalmente estão só na minha cabeça.  

Meditação para o dia: Só por hoje, vou eliminar minha ânsia de destruição do futuro.  

Texto - S. B Quevedo do livro "Um dia de cada vez todos os dias" 

Narração - Christian Simon 

Edição - Antônio Leal 

Produção - Marta Lima  

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