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Desde a época em que eram escravizados, as igrejas faziam a evangelização dos afro-americanos, e foi assim que a Black Music começou a fazer parte da religião. Daí o estilo Soul Music, ou música da alma, era a maneira que eles cantavam os salmos nas igrejas, sempre falando de amor e fé.

Estilos como blues, rhythm and blues (R&B), soul, jazz, rap e funk integram a chamada “black music” ou “música negra”. Todos esses gêneros musicais surgiram ou foram influenciados pela música produzida por escravos negros durante sua dura jornada de trabalho nas plantações de algodão do sul dos Estados Unidos.

Mais do que um movimento musical, a black music representa a resiliência, a luta e a criatividade de um povo que encontrou na melodia e na harmonia uma voz para contar sua história.

As canções entoadas – também chamadas de “work songs” – serviam como protesto, resistência e, ao mesmo tempo, alívio ao sofrimento imposto pelo regime escravagista. Além disso, era uma forma dessas pessoas não perderem contato com suas raízes culturais africanas.

As “work songs” estão na raiz do surgimento da black music. Logo, essas canções começaram a misturar também elementos da música europeia e indígena, dando origem a um novo estilo musical: o spiritual – ou negro spiritual.

Essa vertente era composta de hinos religiosos entoados geralmente nas igrejas, seja no formato à capella ou com acompanhamento de um instrumento simples como a gaita. A ideia era transmitir por meio da música uma mensagem de esperança e libertação.

Em 1861, com o fim da escravidão nos Estados Unidos, a black music encontrou um terreno fértil para sua expansão. Essa influência também se estendeu ao rock ‘n’ roll. No final da década de 1950, artistas como Chuck Berry e Little Richard adicionaram elementos do R & B às guitarras distorcidas e ao ritmo acelerado, criando um som inovador que desafiava as normas sociais da época.

Já no final dos anos 50 e início da década de 1960, a black music ganhou uma nova dimensão com o surgimento do soul, um estilo envolvente, que combina características do blues, gospel, jazz e R & B. Desta forma, deu voz a artistas do quilate de James Brown, Aretha Franklin, Ben E. King, Ray Charles, entre muitos outros.

Naturalmente, o Brasil não ficaria imune à força e à popularização da black music. Já nos anos 60, o suingue e o ritmo contagiante de intérpretes como Jorge Benjor e Wilson Simonal logo conquistaram o público. Mas foi no final daquela década que despontou o maior nome da soul music brasileira: o cantor, compositor, produtor e instrumentista Tim Maia.

Neste período, ocorre em Nova Orleans a fusão de três estilos musicais até então paralelos: a música popular dos negros (música religiosa, cantos de trabalho e em especial o blues), o ragtime e a versão “branca”, europeizada, da popular afro-americana (música de vaudeville). 

Esta síntese passa a ser possível graças à harmonia criada entre as diversas etnias negras existentes na época, cujo uma delas, por ser de expressão francesa, consegue a apreciação do código legislativo da Louisiana que passa a considerá-lo como uma expressão autenticamente negra. 

Personalidades como Grand “Master” Flash & The Furious Five, Afrika Bambaataa & The Soul Sonic Force e Run DMC alavancaram o gênero para o mundo, tornando-o uma indústria poderosa de bilhões de dólares.