Um ano que foi literalmente uma ponte entre dois mundos musicais completamente diferentes. De um lado, o rock orgânico dos anos 70 ainda respirando... do outro, os sintetizadores e o pop sintético dos 80 começando a dominar as paradas.
Hoje vamos dissecar cinco sucessos que definiram não só as rádios de 81, mas capturaram o espírito de uma época em total transformação.
Vamos começar com uma que explodiu nas rádios... Foreigner com "Urgent". E cara, que clássico! Aquele saxofone do Junior Walker rasgando no meio da faixa... é impossível não reconhecer.
Agora uma que ficou NOVE semanas no topo da Billboard... Kim Carnes com "Bette Davis Eyes".
E olha o timing perfeito: início dos anos 80, os ecos da segunda onda feminista ainda reverberando forte. As mulheres entrando no mercado de trabalho, se afirmando no campo artístico, desafiando normas de gênero...
E agora... o deboche total! Rick James com "Super Freak".Olha o contexto: a música é filha direta da revolução sexual dos anos 70. Clubes noturnos, disco-funk, comportamentos não convencionais... Uma cultura mais aberta, pelo menos nas grandes cidades.
Agora vamos pro Brasil, com uma das nossas maiores... Rita Lee e "Saúde".
É o Brasil de 81 pedindo arrego. É a cantora que, em vez de berrar, sorri com acidez e canta o que todos sentiam: exaustão coletiva e um desejo urgente de bem-estar que parecia cada vez mais um luxo.
E pra fechar com chave de ouro... Caetano Veloso com "Vera Gata". Um samba-soul tropical com aquela malícia elegante que só o Caetano sabe fazer.
Caetano canta com um distanciamento afetivo. Em vez de exaltar, ele descreve. E nessa descrição cheia de nomes e relações, revela um Brasil onde tudo está conectado demais e ao mesmo tempo fragmentado.
Ah, e não posso deixar de falar rapidinho dos Stones com "Start Me Up"...
"Start Me Up" virou quase um jingle involuntário dessa época. Tanto que a Microsoft usou a música em 95 para lançar o Windows 95!
É o hino roqueiro perfeito pro mundo capitalista que estava sendo reaceso em 1981: barulhento, sensual, rápido e cheio de fumaça.
Essas cinco músicas - e a nossa participação especial dos Stones - mostram como a música sempre foi muito mais que entretenimento. Ela é o termômetro da sociedade, o espelho dos nossos desejos e medos.
Eu sou o Bode da Mutante, esse foi o MIR 92
Bode da Mutante
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