Consta que quando ela cantou “Me disseram”, em 1967 (no II Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro), era a primeira vez no Brasil que uma mulher se expressava explicitamente no gênero feminino ao compor uma música. E assim Joyce Moreno fincou uma bandeira, dando voz às mulheres com firmeza, sofisticação e mostrando que a música também é um ato político. Décadas depois, Joyce segue desbravando o mar da canção brasileira com elegância, consciência e suingue. Agora, aos 77 anos, ela lança ‘O mar é mulher’, álbum que reafirma a força de sua obra – dando adeus à Amélia, aquela, de Ataulfo. Ao lado de nomes como Jards Macalé, Paulo César Pinheiro e João Donato, Joyce embala sambas, bossas e canções-jazz com a leveza de quem conhece bem as marés da criação. Nesta conversa, vamos mergulhar fundo em seu novo disco, mas também em suas ideias, histórias e marolas afetivas. Afinal, parafraseando Djavan, o mar é mulher, e Joyce oceana.Com Beto Pacheco, Cristiano Castilho e Mauro Contti.