Movimentos com o objetivo de espalhar desinformação e negar a ciência não são novidade, mas têm alcançado cada vez mais pessoas nos últimos anos. “Os negacionistas têm todos os canais possíveis para serem ouvidos com o advento da internet e redes sociais. E esse é um dos motivos para essa desinformação se espalhar exponencialmente”, acredita o professor do Instituto Federal de São Paulo e colaborador no programa de pós-graduação em Ciências e Matemática da Universidade Federal do Maranhão Aldo Aoyagui Gomes Pereira. Para ele, as aulas de ciências na educação básica podem ser uma forma de combater o problema. Especialmente, se elas forem baseadas no conceito de Alfabetização científica, ou seja, se apresentarem ferramentas aos alunos que permitam fazer conexões entre o conhecimento científico e o mundo real.
A professora da educação básica Camilia Aoyagui dos Santos, coautora de Pereira na pesquisa “Desinformação e negacionismo no ensino de ciências: sugestão de conhecimentos para se desenvolver uma alfabetização científica midiática”, cita algumas perguntas essenciais que considera importante de serem ensinadas aos alunos. “Esses supostos especialistas têm expertise? Ele estudou esse assunto? Ele tem livro publicado? Ele tem artigo publicado? Tem credenciais, ou seja, como que ele é aceito na comunidade científica? Será que ele tem uma especialidade nesse assunto?”, enumera.
No áudio, os pesquisadores trazem mais exemplos de como aplicar, na prática, a alfabetização científica e citam o documentário “Mercadores da dúvida”, baseado em livro da historiadora da ciência Naomi Oreskes, como uma boa maneira de entender como o negacionismo se constrói.