No ano em que completa uma década de atuação como quadrinista, Lino Arruda lança seu primeiro livro. O projeto “Monstrans: experimentando horrormônios” foi viabilizado após ter sido contemplado no “Itaú - Rumos Culturais”. A obra reúne três narrativas autobiográficas escritas e ilustradas pelo artista trans. “Eu quero que as pessoas permitam que mais histórias diferentes existam, que elas consigam se relacionar com isso, dialogar com isso também. Que aquilo consiga tocar e gerar reflexões.”, revela.
As três narrativas que integram o livro têm como fio condutor a figura monstruosa. Na primeira HQ o autor reconta a “história de origem” de sua deficiência congênita nas pernas. A segunda imagina pontes entre as experiências lésbicas e as transmasculinas, muitas vezes narradas como antagônicas. Na terceira, intitulada “Eu ainda fui”, o autor ilustra a ocasião em que viu seu avô pela última vez, em seu leito de morte.
“Ele estava no hospital e eu já estava me hormonizando e ele não me reconheceu. Então eu uso uma figura de um monstro que vai se derretendo, que vai perdendo a face, vai perdendo a boca, que já não pode mais ser quem era, porque não está sendo reconhecido.”, conta.