Criação do espaço físico e virtual foi motivada pela falta de representatividade.
Empreendedora e bibliotecária, Ketty Valêncio é proprietária da Africanidades. Com loja virtual e espaço cultural na zona norte de São Paulo, ela define a livraria como uma forma de “promover o resgate e a valorização das identidades negras brasileiras e africanas, por meio dos livros e da cultura”.
Entrevistada neste podcast, Valêncio revela que essa missão tem a ver com a própria história dela na infância e adolescência. “Na escola, não me enxergava nos livros exigidos e, por isso, achava que não era uma leitora, que eu não gostava de ler, porque não me via na literatura, esta que é imposta, clássica.”
A pesquisadora se considera uma ativista. “Com a Africanidades, busco estimular a reflexão e quebrar os preconceitos de uma sociedade que ainda hoje é racista, misógina e classista”, orgulha-se.
A livraria reúne títulos que vão de obras infantis a livros de arte, passando por escritoras fundamentais, como Alice Walker, Angela Davis, Jarid Arraes e Maria Firmino. “O acervo é principalmente formado por autoras negras e feministas. No site, temos títulos que dificilmente são encontrados nas grandes magazines ou livrarias online.”
A entrevistada é também uma das idealizadoras do projeto “Mulheres de Palavra: um retrato de mulheres do rap de SP”. A trilha sonora do podcast foi escolhida por ela própria. “Primeira vez que eu ouvi uma música estilo rap foi algo muito impactante, porque eu via uma narração da minha história. Aí também inicia o ‘lance’ da literatura”, justifica.
Crédito: As músicas utilizadas de fundo neste episódio foram extraídas do trabalho Hip Hop Instrumentals mix by Bassment FM, disponibilizado sob a licença “Creative Commons”.
Imagem: Ketty Valêncio na entrada da livraria e espaço cultural Africanidades, mantidos por ela (crédito: Marcelo Abud)