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Para professores esporte, que agora é modalidade olímpica, estimula desenvolvimento de habilidades físicas e mentais.

O skate é uma das novidades das Olimpíadas deste ano em Tóquio, no Japão. Em algumas escolas, porém, a atividade é adotada há alguns anos. O professor de educação física da EMEF Raimundo Correia, localizada no Jardim Helena, zona leste de São Paulo (SP), Jorge Luiz de Oliveira, estimulou o skate junto a seus alunos do 6º ano do ensino fundamental em 2012, mas acredita que a adesão deve crescer agora.

“Por ter entrado nas Olimpíadas, é a possibilidade de as pessoas reconhecerem o skate como uma prática corporal que está presente na sociedade e merece nosso estudo, nossa atenção, nossa problematização, compreensão”, defende.

Na escola em que trabalha, aulas de skate estão alinhadas ao que é chamado de currículo cultural. “As crianças foram lá, vivenciaram, experimentaram, mas é importante também elas entenderem como que essa prática corporal é praticada na sociedade, como que nós vamos dando significados a ela.”

A motivação para Oliveira incluir o esporte em suas aulas veio da percepção de que alguns alunos sofriam preconceito por ir de skate para a escola. “[Algumas pessoas pensam] que skatista é tudo vagabundo, que usa droga, que não quer nada da vida… Isso tudo motivou a problematização para refletir sobre estas questões com as crianças.”

O professor comemora o resultado e diz que a visão das crianças mudou após o skate ser adotado na educação física. “Os educadores não devem ter medo de trabalhar com aquelas práticas corporais que não são bem vistas pela escola. Ouvir as crianças faz com que potencialize nosso trabalho em sala de aula.”

A visão de Oliveira é compartilhada pelo docente Jander Sá, da Escola Estadual Francisco Bernardino, em Juiz de Fora (MG), que se notabilizou na região por apresentar diversos esportes olímpicos aos alunos.

No caso do skate, Sá ressalta que o estímulo vem inclusive da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que indica a inclusão de práticas corporais de aventura já a partir do ensino fundamental.

“Eu trabalhei ele como um instrumento que trabalha o equilíbrio e a vertigem, que hoje é pauta do currículo nacional você trabalhar esportes de aventura, só que com atividades muito lúdicas”, explica.

Para Sá, além do aspecto cultural, o skate envolve conceitos que fazem parte da educação física. No entanto, assim como Oliveira, ele acredita que as aulas não são suficientes para ensinar manobras específicas, mas sim para que crianças e jovens tenham contato com esportes que fujam aos de costume.

“[A ideia é] se divertir, mostrar várias possibilidades e trabalhar objetivos que a aula de educação física exige: equilíbrio, saber lidar com a velocidade, a própria vertigem, que é uma característica muito importante do esporte radical. Isso tudo você está trabalhando dentro daquelas atividades de brincadeira”.

No podcast, os professores apontam caminhos para o uso do skate e afirmam não ser preciso grandes investimentos nem saber andar para utilizá-lo nas aulas. “Ele é da cultura juvenil, a partir do momento em que você ouve e dialoga com os jovens, percebe que estes temas devem fazer parte do currículo escolar”, conclui Oliveira.

Crédito da imagem principal: _LeS_ – iStock