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Livro III - Reflexões sobre a passagem de tudo e de todos e sobre a virtude de pensar e praticar o bem
“ Não desperdice o que lhe resta de vida pensando na vida alheia, a menos que em tais pensamentos exista algum objeto de interesse público comum. Pois quando se prende a preocupações do tipo – o que fulano faz, e porque o faz, e o que deve estar dizendo, no que deve estar pensando, maquinando, e coisas assim – se perde um tempo precioso, que deveria ser usado para cuidar do governo de nossa própria alma. “
Assim, nós devemos observar em nosso encadeamento de pensamentos tudo o que é inútil e sem propósito algum, sobretudo as curiosidades obsessivas e as más ideias.
Um homem deveria se habituar a ter em sua mente pensamentos de tal qualidade que, se lhe perguntam repentinamente “No que está pensando?”, possa sempre responder de forma imediata e verdadeira: “Nisto” ou “Naquilo”. Suas palavras devem transparecer que tudo o que se passa em seu interior é simples e bom, pensamentos dignos de uma pessoa sociável, que não se detém em ideias de prazer e luxúria, tampouco nutre qualquer rivalidade, inveja ou desconfiança, ou qualquer outro pensamento que o deixaria envergonhado se lhe fosse obrigado revelá-lo a quem o perguntou. “
Pois um homem que assim vive, e não mais posterga estar entre os melhores, é como um ministro ou sacerdote dos deuses, também se valendo da divindade plantada em seu coração para se tornar incorruptível pelo prazer, intocado por qualquer sofrimento, insensível aos insultos e a toda maldade, um guerreiro na mais nobre das batalhas, alguém que não pode mais ser suplantado por nenhuma paixão, e aceita de toda a sua alma tudo o que ocorre e tudo que lhe cabe como porção do destino. E que só raramente, levado por grande necessidade ou pelo interesse público, detém sua mente no que os outros dizem, ou fazem, ou pensam.”
Marco Aurélio: A capacidade de lidar com os medos e as incertezas
Conhecido como o imperador filósofo, desde criança Marco Aurélio se dedicou a buscar a sabedoria através da filosofia. Integrou a corrente do Estoicismo, cujo compromisso era o desenvolvimento de uma moral humana. Moral esta que ajuda a distinguir o que é eterno do que é passageiro; o que é bom, daquilo que se afasta do bem; o justo, do que é injusto. E a partir destas distinções poder fazer melhores escolhas, ter uma vida mais serena e segura.
Esta coerência entre os princípios e as ações nos dá poder diante das circunstâncias. Um eixo de sustentação interno que nos garante uma independência dos acontecimentos à nossa volta.
Oriundo de uma família nobre, Marco Aurélio nasceu em Roma no ano 121 d.C. Teve várias dificuldades pela posição que ocupava e por querer viver uma vida moral. Seu campo de atuação foi Roma, onde foi preciso lidar com a diversidade de línguas, religiões, invasões, pestes e traições.
Ele exercitou sua moral nessas dificuldades que se apresentavam. Assim como Marco Aurélio, também temos nosso campo de atuação, que está na nossa família, trabalho, trânsito, ou seja, no nosso dia a dia.
Estoicismo é uma fórmula que nos ajuda a superar os desafios e dificuldades da vida.
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