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Existem muitos desprazeres na vida intelectual. Memes e mais memes defendem essa ideia, citando até mesmo a Lisa Simpson (1989-), e suas constantes críticas a si mesma, sobre como sua “inteligência” (desconfio disso, prefiro “brilhantismo”) lhe traz solidão. Tem sentido. Mas é um sentido incompleto, logo, meia-verdade, concluindo, uma mentira.

A intelectualidade é relativa, tem paladares melancólicos e diminui em muito sua agenda de contatos no whatzzapp. Mas “melancólico” não quer dizer triste, nem mesmo nostálgico. Isso é coisa de quem não entende que toda a vivência tem seus preços e dores.

MAS TEM SEUS SABORES.

Intelectuais têm mais repertório para expressar suas emoções, por isso tendem a ser mais pensativos, porém, não menos intensos. As pessoas os acham arrogantes, porque não conseguem degusta-los tão facilmente, ou por não percebem que suas reações perante o mundo são irônicas, mais com eles mesmos, do que com o mundo ao redor.

RIR DE SI MESMO É ALGO QUE O “TIO DO PAVÊ” TENTA, MAS SÓ GENTE COMO O OSCAR WILDE (1854–1900) FAZ BEM. PORQUE RIR DE SI MESMO É UM ESTADO DE LUTO, DE PREPARAÇÃO PARA O QUE SE IRÁ TORNAR.

Rir de si mesmo é se culpar sem sentir remorso.

“Melancolia”, em suma, é o café amargo e forte, apreciado depois da sobremesa, ou que serve como forma de acentuar sabor de uma deliciosa palha italiana que seu sobrinho artista fez, e lhe passou a receita.

Esse filme se presta a dar um sortido e apetitoso cardápio, cujo principal ingrediente é a biles negra.

Degustemos. De talheres, por favor.

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