PLUTO [SÉRIE ANIMADA] (2023):
Um dos grandes e polêmicos méritos do pensamento japonês foi uma reinterpretação da cultura alemã, notadamente no período de criação de sua primeira grande nação imperialista, logo racista, machista, homofobia, a DEUTSCHLAND (1871–1946). E faço questão de usar o nome desse jeito, porque traduzir essa palavra como “Alemanha” é um erro anacrônico, pois “Germany” ou “Germânia” é justamente uma tentativa de desmontar a tecnologia social histórica que criou essa fantástica máquina de guerra territorial criada por BISMARK (1815–1898) com base em tecnologia inspirada, por sua vez, no pensamento militar republicano estadunidense em vigor na época.
Posteriormente OSAMU TEZUKA (1928–1989), consciente ou não disso, se inspira largamente no pensamento de animações da DISNEY (1923) para criar uma série de produções fantásticas que marcaram grande parte da juventude mundial.
Entre elas está a adaptação de um conto italiano, provavelmente combinado com pensamento alemão, em que um homem ansioso por ser pai cria, pela força de seu desejo, um boneco de madeira que vai paulatinamente ganhando ares de humanidade, poderosa metáfora para a socialização, chamado de PINÓQUIO, que inclusive foi revisto pelo doce e macabro teratólogo GUILLERMO DEL TORO (1964).
ESSA RELEITURA JAPOSENA SE CHAMAVA ASTROBOY (TETSUWAN ATOMU, OU “PODEROSO ATOM” 1952).
Aqui um dos roteiros de TEZUKA é trazido de volta das profundezas para discutir mais uma vez o limite que os seres que imaginamos tem para si mesmos (inclusive nossos filhos), ou seja, a capacidade de perverterem sua própria programação, se tornando detentores de autodeterminação, o que eu convenciono chamar de “adultos”.
Esta animação é sobre isso.
"Love One Another (The Final Irony)" by Speck 2020 - Licensed under Creative Commons Attribution Noncommercial (3.0 )