Os Obscurecidos.
Clássicos são obras de arte que trabalham com refrãos culturais. Significa que eles invocam e apresentam discussões que ainda não foram superadas sobre determinados temas ligados as ações humanas. Como essas dinâmicas ainda estão presentes, volte e meia, é necessário revisitar as primeiras obras que os pensaram, justamente para que seja possível entender como as sociedades vieram a discuti-los e como.
Itálo Calvino (1923–1985) sintetizaria o parágrafo dizendo que os clássicos nunca são lidos, e sim relidos: uma obra clássica, quando alcança esse status, já atingiu os leitores das novas gerações, por meios indiretos, antes mesmo de que eles tenham feito uma leitura pessoal da mesma.
Assim somos influenciados esteticamente pela “sombra” da obra, suas diversas interpretações, antes mesmo de lê-la.
Essa noção pré-renascentista e ao mesmo tempo quase pós-moderna, a de que criatividade não existe integralmente, e que ao mesmo tempo ela pode derivar de uma leitura atual sobre um escrito do passado norteia os clássicos: uma nova leitura revela para quem lê o passado um novo tipo de interpretação.
Logo, o passado é passível de ser sempre novo, se apresentado por novos olhos, por novas formas e isso fragiliza a ideia de história como evolução inevitável e lógica.
A história então não seria assim racional. Seria uma irracionalidade, porque é diversa e não única. Não quer dizer que ela é aleatória, e sim, multifacetada.
Quando assisti essa versão da peça MACBETH (1603 ou 1607), me vi perante uma visão muito pós-moderna sobre a questão do poder, mas também do amor de um casal.
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