ENCONTRO DAS TRIBOS [SHOW] (01/10/2022):
Os shows estão caros e sua qualidade estacionada nos anos de 2000. Pelo menos é a impressão de muitos de minha idade. Isso porque raramente vamos assistir aos espetáculos feitos pelos jovens. Acho isso problemático, mas compreensivo: minha geração ouvia álbuns, a nova, streaming.
FRAGMENTAÇÃO DE SONS LEVA A PRESENTISMO SONORO. SAIBAM.
Mas álbuns leva a nostalgia, porque têm propostas semelhantes às de livros, ou seja, tentam emular processos de reflexão e de êxtase acumulativo por meio da ordem das faixas.
LOGO TENDEM A CERTA NOSTALGIA.
Eu particularmente estou percebendo como estes sentimentos, tanto a fragmentação quando a nostalgia tem separado gerações. Logo no ENCONTRO DAS TRIBOS senti mais um encontro, nem sempre fortuito, de gerações.
TAL QUAL A POLÍTICA ATUAL.
VLADIMIR SAFATLE (1973), entre outros, tem apontado que a tendência da adolescência é sempre procurar uma ruptura, mesmo que temporária com seu mundo, o que significa romper com seu passado mais imediato, conhecido como seus pais.
Nesse sentido o verdadeiro teste da democracia, a meu ver, é que ela simplesmente não consegue aceitar rupturas com o passado que não passem por regimes autoritários. Seja o autoritarismo financeiro, ou de afetos.
Muita gente descobriu recentemente, como sempre digo, que fascistas e seus simpatizantes em verdade não estavam em algum porão de histórias em quadrinhos, e sim, passando a maionese para eles no almoço de domingo.
Nesse final de semana, no festival que resenho, vi o encontro dessas tribos. E me pareceu claro que estamos em um sistema de pensamento que tende a aumentar essas rupturas.
