Os monstros geralmente representam desejos negados. Creio que foi assim que NOELL CARROLL (1947) os definiu em sua obra A FILOSOFIA DO HORROR OU PARADOXOS DO CORAÇÃO (1990), seguindo uma tradição que acho remontar mesmo do FREUD (1856–1939). Isso explicaria, numa sociedade do cansaço pornográfica como a nossa segundo BYUNG-CHUL HAN (1959), porque eles geralmente são enormes.
AFINAL O DESEJO MUITAS VEZES É RESULTADO DE FRUSTRAÇÕES COM A SOBREVIVÊNCIA.
Essa decepção com a sobrevivência é um dos grandes males que nos assola atualmente em termos quase globais, talvez com exceção da Palestina, do Congo, Iêmen e Ucrânia porque estão em suas respectivas guerras e genocídios.
Mesmo esses quatro acima citados em breve sentirão esse terror que num primeiro momento é horror.
Pois a guerra é esse horror, algo etéreo, quase uma espiritualidade abstrata, num primeiro momento, até chegarmos à sua concretude terrível; parte da responsabilidade dela acontecer é nossa: seja por negligência, por falta de recursos para resistir, ou até mesmo pela negligência em buscar recursos para resistir.
Essa materialidade quando não conseguimos dar nomes e causas humanas teve muitos nomes no mundo antigo, e que vão aparecendo nas diversas mitologias, desde o grego PAN até mesmo CENNUNUOS celta e em certa medida XANGÔ.
Todos eles são fases fictícias sobre o processo de cura, cura não, porque isso não existe, uma vez que nunca retornamos, nem fisicamente, ao estado antes das doenças: o que temos sim é superação sobre o que fizemos, ao nos defrontarmos com nossas escolhas, inclusive e principalmente como coletivos.
Assim, quanto mais a culpa é coletiva, maior o monstro que ela geraria em termos fictícios.
O REMAKE DE GODZILLA (1954) DE QUE FALO AGORA É A CULPA DO FASCISMO JAPONÊS RETORNANDO PARA MAIS UMA VEZ NOS LEMBRAR QUE ELE É O PREÇO INEVITÁVEL DAQUELES QUE SEGUEM ESSE CAMINHO.
Esse filme é sobre isso.
"The Disturbance" by cube3 (Sjef van Leeuwen) 2022 - Licensed under Creative Commons Attribution Noncommercial (3.0)