CAMBIO NEGRO: SESC BELENZINHO [SHOW] (17/12/2022):
O rap sempre foi uma música de expatriados. Eu poderia dizer de imigrantes, mas não é bem assim.
Um imigrante é uma pessoa que deixou seu país de origem para se fixar em outro país, com o intuito de viver lá em todas as suas dimensões sociais modernas: trabalhar, constituir família, estudar e todas as outras benesses fornecidas pela unidade territorial a seus cidadãos nascidos ali, e que, com o tempo lhe serão também concedidas.
Também temos o migrante, alguém que teoricamente faz a mesma coisa acima, só que dentro de um mesmo país, e, oficialmente, não precisa passar por esse processo de naturalização para que as acima citadas benesses, conhecidas mais comumente como direitos cidadãos, lhe sejam ofertadas.
NA PRÁTICA NÃO É ISSO QUE ACONTECE.
Porque os migrantes em particular se deslocam principalmente por motivos empregatícios: existe alguma demanda de empregos que não é satisfeita e então aparecem ofertas em outras localidades. Quanto mais coletiva essa demanda local e as ofertas externas, maior o número de pessoas se deslocam para os mesmos espaços. Isso cria uma curiosa identidade cultural em que indivíduos tem sua consciência grupal fixada a partir de suas origens locais e suas esperanças em lugares que lhes são externos.
ISSO É UM EXPATRIADO, EMBORA O TERMO NÃO ABRANJA QUEM SOFRE ESSE PROCESSO DENTRO DE SEU PRÓPRIO PAÍS.
No Nordeste do Brasil, graças ao processo de escravização legalizado até 1888, e o informal ilegal atual, combinado pela falta de infraestrutura de transporte de água, ambas decisões estatais que parecem ser mais projetos de economia política perversa, populações negras inteiras foram mantidas condições de sobrevivência péssimas, como na grande seca de 1958, resultando em milhões de pessoas que foram expatriadas regionalmente.
O CAMBIO NEGRO É FILHO DIRETO DESSE PROCESSO.
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