MAKOMA (2006) IN: HELLBOY. A FEITICEIRA TROLL — VOLUME 8 [QUADRINHO] (2017):
Eu tenho meus métodos de ver quem será tomado pelo Capitalismo. Basicamente os princípios dessa metodologia compreendem entender a relação que o indivíduo tem com ele mesmo, como seu cotidiano e finalmente com o mundo capitalista.
PORQUE O FATO DE SEPARAR OS TRÊS É O QUE IRÁ DECRETAR SUA SUBMISSÃO AO IRMÃO CAPITALISMO.
Isso porque no fundo essas subdivisões dos indivíduos são em verdade apenas abstrações organizativas para analisarmos determinados aspectos de nosso funcionamento como seres.
ASSIM COMO SEPARAR “CORPO”, “MENTE” E “ESPÍRITO”, TAMBÉM É INSTRUMENTAL TEÓRICO E NÃO REALIDADE CONCRETA.
Não tenho um “corpo”, tenho uma visão de mim que se pauta em minha realidade biológica, não tenho uma “mente”, pois é apenas um conjunta de parâmetros de funcionamento de meu cérebro para organizar meus movimento corporais, e não tenho um “espírito”, tenho sim, um conjunto de práticas culturais negociadas entre mim e a sociedade que restringem ou ampliam o que meu cérebro pode executar em termos de movimentos corporais, auxiliados ou não pela tecnologia que minha comunidade disponibiliza para mim.
Como essa tecnologia é sempre mutável, sempre o que sou também o é, mesmo que minha mente não perceba que minha biologia está executando novas ações, o que está impactando minha cultura e por sua vez retroalimentando minha memória de novas possibilidades de combinações comportamentais.
EM SUMA MINHAS LEMBRANÇAS DE MIM AFETAM O QUE CHAMO SEMPRE PROVISORIAMENTE DE “MIM”, ATÉ O PONTO EM QUE MINHA CAPACIDADE DE ACEITÁ-LAS SE TORNE PARTE DE UM NOVO “EU”, OU SEJA, O “EU” ANTIGO QUE TEM CONSCIÊNCIA MAIOR DE SI.
Sim, dialética é enlouquecedora. E aqui está o ponto: os que vão ceder ao Irmão Capitalismo são justamente aqueles que não aceitam que ele é uma consciência, uma ideologia, e que tendemos a nos tornar aquilo ao qual nos opomos.
LUTAR CONTRA O CAPITALISMO COM O TEMPO NOS TORNA CAPITALISTAS.
A única saída para derrota-lo é não se opor a ele, e sim, incluí-lo em nós sem esquecer que ele é apenas um dos aspectos desses “nós”. Nos negar a negá-lo. E sim, escolher superá-lo e, portanto, a nós mesmos.
Essa deliciosa narrativa de HELLBOY (1991) é um exercício de dialética africana superando a si mesma.