Liberalismo contrariado.
Séries com protagonistas negros não são fáceis de achar. Elas partem de alguns estereótipos que geralmente são mal explicados e muitas vezes o problema não é esse. A questão é seu protagonismo mesmo. Se tomarmos os personagens negros nas mídias eles não sobrevivem muito, em termos da narrativa ou mesmo de produção justamente porque há certa resistência em entender negros como agentes de si mesmos.
Produções como a brilhante ATLANTA (2016-) e outras como LOVECRAFT COUNTRY (2020) [ https://sombrionauta.medium.com/list/01-lovecraft-country-colecao-54e8eb8e8853 ]e GODFATHER OF HARLEM (2019–2021) [ https://sombrionauta.medium.com/godfather-of-harlem-1%C2%AA-e-2%C2%AA-temporadas-s%C3%A9rie-2019-2021-e1215a76c2d6 ] têm bons números, bom argumento e bons atores negros, com uma certa tendência ao radicalismo mais à esquerda.
A primeira parece que conseguiu se resolver tendo episódios curtos, e a segunda não teve sua continuação, apesar de ter sido nem recebida pela crítica e ter ganho um prêmio EMMY em 2021. Esperamos que a terceira tenha seu fechamento adequado.
Assim, o sucesso e a qualidade dramática não garantem a duração das produções em que os negros são protagonistas de sua história.
COISAS COMO ESSA ME FAZEM LEMBRAR QUE NENHUM NEGRO JAMAIS VAI SER RECONHECIDO PLENAMENTE NO CAPITALISMO.
Lendo as linhas acima, se pensaria então que produções mais “mansas” e alinhadas ao Capitalismo mais liberal teriam maior duração atualmente: afinal não esqueçamos de UM MALUCO NO PEDAÇO (1990–1996), mas ela era um SITCOM: talvez aqui achamos a fórmula da duração de uma série de negros, eles devem ser engraçados, mas não tão ácidos como em ATLANTA.
A série que resenho, apesar de ser tida como liberal, e é, chegando a diretamente atacar sindicatos, de ter bons atores negros, de ser pro privatização de setores do Estado, conseguiu se manter apenas duas temporadas.
Vamos tentar entende-la.
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