Wakanda arregada.
A palavra “arrego” é um brasileirismo, literalmente. Parece vir da palavra castelhana “arreglo” que vem de alguma coisa como “regra”, que por sua vez vem de “regere”, ou seja, governar, assim esse tipo de palavra seria o equivalente a “andar na régua”, o que chamamos aqui de “andar na linha”.
Logo, no Brasil, temos uma palavra específica para se entregar ao governo vigente de maneira descarada.
Toda essa necessidade de se submeter é que faz muita gente admirar artistas como a chamada “patroa”, a saber, nossa cara Anitta (1993): particularmente acho desprezível como a esquerda pode comemorar os sucessos de alguém que fez um documentário onde explicitamente assedia moralmente seus funcionários, algo que já havia discutido antes.
MAS ELA USAR TÁTICAS DE PATROA É SINTOMÁTICO DE NOSSA CULTURA ESCRAVISTA TRABALHISTA: MUITA GENTE CHAMA ISSO DE “INTELIGÊNCIA”. INCLUSIVE MULHERES NEGRAS QUE ADMIRAM ANITTA JUSTAMENTE POR CAUSA DISSO.
INTELIGÊNCIA DE ESCRAVIZADOR É ALGO QUE SEMPRE É CHARMOSO, QUANDO USADO POR MULHERES DE ORIGEM NEGRA, POIS SABEMOS QUE A DITA PATROA FEZ TODA A SORTE DE OPERAÇÕES PLÁSTICAS PARA APAGAR OS TRAÇOS DE NEGRITUDE QUE A ATRAPALHAVAM COMERCIALMENTE E ARTISTICAMENTE.
Pelo menos lembro de um personagem fascista falar algo assim, uma vez, na série ANGEL (1999–2004)
Isso é desprezível, mas não surpreendente: grande parte da esquerda atual, filha da classe média, simplesmente despreza qualquer tentativa de criação de uma cultura popular mais radical( logo, não servil) de intervenção em processos políticos, como mostra Jones Manoel (1990), desde 2013 [ https://www.youtube.com/watch?v=m98p1cjnWDQ] .
Este filme que resenho é a declaração de arrego da classe média de origem negra, a qualquer um que vença o pleito presidencial de 2022.