Niilismo insalubre.
Difícil fazer um bom filme de horror hoje em dia, pois esses filmes vinham a revelar as noções mais cruéis da sociedade sobre aqueles que ela deixava à sua margem. Geralmente esses filmes tinham a crítica implícita de como humanidade havia esquecido uma parte dos seus no caminho de seu pretenso “progresso”. Logo, o que falei sobre o fim dos vilões, na resenha sobre TRUE STORY (2021), já estava de certa forma presente nesse tipo de narrativa.
O que acima foi dito contrasta fortemente com a narrativa de quadrinhos de super-heróis estadunidenses, em geral feitas para serem o panfletário político de sua época, nas quais as noções de uma elite econômica eram debatidas, embora fosse sempre dada a vitória à normalidade. Maurício de Sousa (1935) usou e usa essa fórmula até os tempos atuais em suas produções.
Curioso que o próprio empresário dos quadrinhos também tentou enveredar pelo caminho do terror inicialmente, sendo que havia criado um personagem chamado Nico Demo de 1966, com esse intuito. Ele teria sido convencido a seguir sua linha editorial atual pelo quadrinista, desenhista, editor de revistas e ator de filmes de terror brasileiros, Jayme Cortez (1926–1987).
Ao assistir essa obra, vejo que falta aos produtores da Sony Pictures a perspicácia de Cortez.
O filme poderia ser um épico sobre niilismo, mas é um grande nada. Noção paradoxal, mas que se mantém no decorrer do filme.