O imperialismo moderno de modo geral sempre pregou a morte honrada. Quem questionou isso em certa medida foi SILVIA FEDERICI (1942), ao discutir em seus escritos que as mulheres não passavam, literalmente, de fábricas de armas para o Irmão-Capitalismo.
Isso explica uma das mais importantes personagens dessa produção, Noriko Oishi (Minami Hamabe).
Ela é a negação da máxima espartana de que “mulheres fortes criam soldados fortes”: as mulheres matronas que sempre foram fundamentais no pensamento fascista.
DÊ UMA OLHADA NO SIGNIFICADO DA SUÁSTICA NO PENSAMENTO NAZISTA (1919–1945) E VAI ENTENDER.
Quando nosso Shikishima retorna da SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, coisa que não deveria ter acontecido, pois ele era um kamikaze, ele se sente como um covarde, porém, seu próprio treinamento militar é que o salva disso: ao entender que era ilógico se suicidar em prol de uma guerra imperialista perdida, ele enfrenta os sentimentos contraditórios de sobreviver e ter que viver com a culpa disso.
Quem percebe isso nele, e também concorda, é o mecânico Sosaku Tachibana (Munetaka Aoki), coisa que é fundamental se você leu a obra O MODERNISMO REACIONÁRIO (1984) de JEFFREY HERF (1947), em que ele demonstra que o pensamento dos técnicos, como os mecânicos, foi uma das bases do pensamento fascista alemão, mas não só dele.
Aí voltamos a nossa Oishi e percebemos a frase que a define em toda a produção “eu não sou a esposa de ninguém”:
ELA NÃO QUER SER UMA MATRONA, EMBORA ACEITE SER MÃE (ADOTIVA) E ESPOSA, MAS NUNCA SUBSERVIENTE, INCLUSIVE ECONOMICAMENTE, A SHIKISHIMA.
Esse filme é sobre isso.
"The Disturbance" by cube3 (Sjef van Leeuwen) 2022 - Licensed under Creative Commons Attribution Noncommercial (3.0)