Existe uma fala no filme O MESTRE DOS DESEJOS (1997) sobre os djinns que dizia que a cultura ocidental pop tende a infantilizar culturas alienígenas a ela nas esperança de negar passados que ela não domina, e assim tornar tola a expressão de desejá-los.
Mas também a comédia faz esse papel de negar o poder do outro sobre si, ao se reconhecer como ridícula: quando não se pode rir de alguém dificilmente é possível dominá-lo culturalmente.
Porém existe a outra forma de comicidade proposta por HENRI BERGSON (1859–1941) em que o riso aparece como algo punitivo, que visa humilhar a quem questiona o poder.
Toda essa série que resenho segue essa linha de comicidade, jogando fora a noção das charges da A FAMÍLIA ADAMS (1930–1988) publicadas na revista THE NEW YORKER (1925): a de satirizar os costumes das famílias norte-americanas ideais, e por extensão o AMERICAN WAY OF LIFE.
Como assim?
A grande graça desses cartoons e suas subsequentes adaptações para outras mídias, é justamente que os próprios ADAMS não têm consciência de sua suposta estranheza: são de uma elite europeia não identificada, cujo patriarca é um advogado culto e aristocrata, e por isso mesmo seus hábitos destoam dos modos estadunidenses, mas isso não é um problema real, porque eles são riquíssimos.
Esse choque de ethos é que nos fazia rir e revelar algo simples e aterrorizante: o mundo não é universal.
NO ENTANTO AS ÚLTIMAS PRODUÇÕES TÊM-SE FOCADO JUSTAMENTE EM ALGUÉM QUE ESTÁ AOS POUCOS ABANDONANDO SUA CULTURA ARISTOCRÁTICA EUROPEIA: WEDNESDAY / WANDINHA (JENNA ORTEGA).
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