O fim do terrorismo?
Depois do sucesso do quadrinho BATMAN, O CAVALEIRO DAS TREVAS (1986) de Frank Miller (1957), o notável escritor de quadrinhos ligado ao pensamento trabalhista mais à direita deu uma série de entrevistas sobre sua obra. Em uma delas, perguntado sobre o enredo, ele disse “bom, meu Batman [em cavaleiro das trevas] é basicamente um terrorista”.
O quadrinista continuou dando mais entrevistas ao longo do tempo e em outra disse “se Gotham City fosse uma cidade normal, Batman seria um psicótico”.
Convém lembram que diversas guerras e conflitos estavam acontecendo e explodindo durante toda a década de 80: Guerra do Afeganistão (1979–1989), (Guerra Irã X Iraque (1980–1988), A Guerra do Líbano (1982), Guerra das Malvinas (1982), Invasão de Granada (1983), Bombardeio sobre a Líbia (1986), além da Guerra sul-africana da Fronteira (1966–1989), só para citar alguns deles.
Também na década de 80 estávamos em uma recessão mundial econômica, a chamada “década perdida”, que assolou sobremaneira a América Latina, e as denúncias de terrorismo de Estado, perpetradas pelos regimes civis-militares, surgiram com muita força.
Logo, nomes como o de Yasser Arafat (1929–2004) líder da OLP (Organização para a Libertação da Palestina (1964)) eram repetidos à exaustão na televisão e muitos jovens em meio a recessão constante, e com as mobilizações de massa de esquerda viam com bons olhos homens como ele, tanto que alguns amigos, se não me engano, chegaram posteriormente a tatuar em suas costas o rosto do líder palestino.
E mais; Miller também disse que se inspirou no Batman da década de 1940, ou seja, num das versões do personagem vinda de outro período de guerra.
ASSIM, BATMAN SER UM TERRORISTA NÃO ERA PARA NÓS QUE NASCEMOS NA DÉCADA DE 1970 ALGO RUIM; ELE ERA ENTENDIDO COMO UM HOMEM SOZINHO LUTANDO CONTRA UM SISTEMA POLÍTICO CORRUPTO, QUE TINHA A SEU LADO UM EXÉRCITO MUITO MAIOR. ALIÁS, ESSA UMA DAS DEFINIÇÕES DE TERRORISMO: UM EXÉRCITO MENOR LUTANDO SEM TRÉGUAS CONTRA UM EXÉRCITO MAIOR.
O Batman de Matt Reeves (1966) não é esse.
Ele é o Batman da geração que nasceu entre 1990–2000: o que muitos não estão gostando, é que os filhos deles nasceram nessa época.