Uma aula de capitalismo industrial cultural nacional.
O capitalismo nacional é um fracasso em termos de nacionalidade. Existem vários motivos para isso, que a grosso modo se resumem a dois grandes eixos explicativos: passado colonial e elite entreguista. Os dois eixos têm uma coligação entre si: o passado colonial, que virou foi o grande mote da esquerda mais séria, muito bem discutido por gente como Caio Prado Júnior (1907–1990), Celso Furtado (1920–2004), e Emília Viotti da Costa (1928–2017).
Mas essas interpretações, assim como as de Sérgio Buarque de Holanda (1902–1982), um dos fundadores do PT (Partido dos Trabalhadores) (1980) e do apologista do estupro colonial Gilberto Freyre (1900–1987), tem a marca de serem elitistas.
Dificilmente deixariam de serem, uma vez eu o ensino superior era para poucos e a elite brasileira, a meu ver, entendia “esquerda” como “nacionalismo” nos moldes de defesa da produção nacional e de seus trabalhadores, e “direita” entendida como “nacionalismo” nos moldes da defesa da produção nacional para o modelo agroexportador.
A discussão de Viotti é a minha favorita, fortemente calcada na ideia que a organização do trabalho escravo no período colonial definiu o que viria a ser um dia o país chamado Brasil, e, por nunca abandonar que o problema não era a elite, e sim, como organizar o trabalho no Brasil; sendo esse talvez o grande primeiro passo em direção ao pensamento de esquerda popular.
VIOTTI NUNCA FINGIU QUE ERA DE ORIGEM HUMILDE, E ISSO A FEZ UMA GRANDE HISTORIADORA DE ESQUERDA: ELA ENTENDIA MESMO QUE O QUE IMPORTAVA ERA O MERCADO DE TRABALHO EM LARGA ESCALA E NÃO A CONSCIENTIZAÇÃO A ELITE.
Fico pensando o que ela acharia desta lição de capitalismo nacional dada pela MSP (MAURÍCIO DE SOUSA PRODUÇÕES) (1959): seu fundador, certa vez, ao ser questionado de como fazia para vender seus quadrinhos, seja para esquerda ou direita no Brasil, disse que respondia respectivamente “é quadrinho nacional” e “ tão bom quanto o estrangeiro”.
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