Autofagia
Presa em cárcere privado dentro da sua mente
Refém de um carrasco cruel que a tortura psicologicamente
E desse sentimento oco que atravessa o ambiente
Açoitando-a por existir tão mediocremente
De aparência incólume
Inaudiveis são os gritos que silenciosos e agudos lhe rasgam por dentro
Tornam difícil respirar
Contraditoriamente querendo pulsar
E no frio do seu cativeiro
desaparece embaixo
do cobertor do medo
Não era pra rimar
Questiona o existir
Se não consegue inspirar, o que ainda faz aqui?
E o fantasma da incompetência?
Te assusta?
A corda da vã existência?
Te sufoca?
E as marcas, traumas, te extasiam?
Como lutar quando se está amarrado
por correntes invisíveis?
Não existem pra ninguém
e te esmagam internamente
Genial ou medíocre?
O meio termo não te redime
O absoluto não contempla
A ânsia não cessa
O ciclo se retroalimenta
O choro convulsivo não resolve nem alenta
Integrada à seu algoz
É de si mesmo que se rebela
Se desvencilha
Mas não se encerra
Como calar o silêncio?
Como impor calmaria
Se só se conhece o tormento?
E já não sabe mais onde começa
Ou onde se afirma
Se se contesta, ou se determina
É a infinitude que a espanta
Busca a superfície
Mas permanece submersa
Afundada na escuridão
Sabe que a solidão
De estar ocultada dentro de si
Não tem saída nem fim...
Marcele M.
Poesia "Autofagia" da camarada Marcele M., assistente social da PMSP, militante do PCB, e que, segundo a propria, só escreve durante crises de pânico. Disponivel nas redes do canal Cacofinia Poética em forma de texto, audio e vídeo. CONFIRA!_________________________________ Poetiza Marcele M.
Interpretação: Elis Alonso
Arte Elis e Allan
Apoio Coletivo Cultural Vianinha
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Allan Brasil - Desenhista e Instigador
Elis Alonso - Poetisa,Design e Palhaça
Michel Viana - Escritor e Poeta da Periferia
Luis - Provocador e Parceiro
Alexandre Barbosa de Souza - Poeta e Tradutor
Roy - Poeta e Filósofo