Quando olho para cima há uma aranha. Não um céu nem mesmo um teto. Uma aranha no vazio da minha visão quando olho para cima. Paraliso, será fobia ou será greve? Será grave? Osteomioarticularmente paralisado, porque sinto o coração pulsar rápido e forte, a temporal latejar, o tempo ruir, vontade de chorar. Cisco, lacrimejo, olho para cima e tem uma aranha na minha retina. Caem lágrimas e mais lágrimas, a aranha se anima e dança no globo dos meus olhos com suas muitas pernas compridas e felpudas. As lágrimas escorrem soltas, não precisa o músculo contrair nem o humor contrariar.
Olho e não vejo. O que vejo? Vejo? Tinha algo a ver antes, agora tem uma aranha sapateando sobre a minha ansiedade. Desprende-se da sua penugem estranha uma farpa que me excita o nervo. Sinto dor. Óptimo! Movo medial e lateralmente meus músculos retos do olho esquerdo. Pisco! Que sacrifício! A aranha por fim se incomoda comigo, porém sigo paralisado no resto do corpo. Com o esforço de mil vulcões ataco a fera: Pisco, Pisco, Pisco! Empurro a aranha ansiosa para o limbo e prestes a cair ela dá o que seria seu último respiro:
- Voltarei e serei pior!
- Acredito.
Áudio Poesia no link da bio
Poeta:Walter Titz Neto| Interprete : Elis Alonso
Arte Elis e Allan
Canal Cacofonia Poetica
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