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O Mínimo

É preciso vingar a infelicidade
dos nossos pares pregressos:
das mães das nossas mães,
das irmãs dos nossos irmãos,
cujo rosto não vimos
mas cuja voz nos interpela -
ou ainda o seu eco,
ou ainda o seu sentido buco,
ou as pegadas de seus pés descalços,
ou os pedaços de seus trapos rotos.
Pois é preciso parir do fracasso,
no incêndio do avesso
de um rastilho apagado,
as implosões impedidas -
ou sua curta centelha,
ou a supernova inaudita,
ou a luz abortada,
ou a esviscerada certeza
de que luta é o mote,
é a injúria e a glória
dos desesperançados,
em nome dos quais,
propriamente,
nos foi concedida uma força restrita.
Mas é preciso enternecer as mãos.
Mesmo quando mutiladas pela guerra
e pelo trabalho sem trégua,
eis que é preciso estar tenro
como o chão que alimenta
e como a água que o rega.
Finalmente, é preciso curar os vulneráveis,
como quem recupera um jardim da destruição,
do atropelamento,
da lamentável e funerária
marcha do progresso.

Poeta: Roy Sollon | Interprete : Roy Sollon
Edição Viny We
Arte Elis e Allan
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Viny WE - Produtor e Editor
Allan Brasil - Desenhista e Instigador
Elis Alonso - Poetisa,Design e Palhaça
Michel Viana - Escritor e Poeta da Periferia
Luis - Provocador e Parceiro
Marina Lima - Articulação e Pesquisa
Alexandre Barbosa de Souza - Poeta e Tradutor
Roy - Poeta e Filósofo

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E-mail: cacofonia.poetica@gmail.com
Instagram:@cacofoniapoetica