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O Santo nome de Maria

História da festa

A devoção ao nome de Maria nasceu na Espanha no século XVI, e a festa foi introduzida no calendário litúrgico geral pelo Papa Sisto V a ser celebrada no dia 17 de setembro, na oitava da Natividade. Em 1914, o Papa Pio X transferiu a festa para 12 de setembro, data do aniversário da libertação de Viena dos turcos em 1683, atribuída à intervenção de Maria. Na renovação do calendário litúrgico pós Vaticano II esta festa foi retirada em 1969, no Pontificado de São Paulo VI e em 2001 São João Paulo II recolocou no calendário litúrgico a memória facultativa.

O mistério celebrado na memória do Santo nome de Maria

No dia 12 de setembro a Igreja comemora tradicionalmente o nome de Maria, principalmente na esteira de um motivo primorosamente bíblico e histórico-salvífico. No relato das Escrituras, o nome indica a pessoa. Contudo para a civilização hebraica a pessoa é inseparável da comunidade a que pertence. O nome representa, portanto, um lugar de encontro entre o indivíduo, a família que o gerou, e as pessoas a quem essa família pertence.

Nesse sentido, o nome manifesta uma concepção da pessoa nos antípodas do individualismo ocidental moderno e pós-moderno. Na nossa sociedade ocidental a pessoa constrói-se um nome, em sentido contrário na fé bíblica todos são importantes porque fruto de uma comunhão profunda em que o passado é um dom a acolher para viver o futuro com justiça e retidão, não uma limitação irracional da liberdade de todos.

Ao escolher chamar sua filha de Maria, os seus pais queriam dar a ela o maior tesouro da fé de Israel: a libertação do Senhor do Egito. Maria era, de fato, o nome da irmã de Moisés, a profetisa que, segundo o livro do Êxodo, orientava as mulheres a darem graças a Deus pela passagem do Mar Vermelho (cf. Ex 15,19-21). No dom de tal tesouro, expresso e concretizado pelo seu nome, Maria, filha de Joaquim e Ana, segundo as tradições apócrifas, pode descobrir-se e compreender-se como mulher chamada à profecia: uma mulher chamada a encontrar a vida em Deus e a esperar nel’Ele para ver o cumprimento do êxodo e da libertação definitivos, que se concretizarão nos tempos messiânicos.

O nome recebido de seus pais é, portanto, para Maria, uma verdadeira vocação, porque ela se compromete a viver de maneira digna para aquele Deus que «falou a Moisés e disse: Fala a toda a comunidade dos israelitas, dizendo-lhes: Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo» (Lv 19,1-2); aquele Deus que depois prometeu a vinda de Emanuel, do rebento justo na casa de Davi (cf. Is 7,14; Jr 33,14-17).

O Evangelho de Lucas, proclamado durante a celebração, testemunha que Maria respondeu com tudo de si, livre e voluntariamente, na plenitude de seu ser humano e na sua feminilidade, a esta vocação inscrita no nome recebido como dom de sua Eucarística: ela é a escolhida para dar rosto, carne e forma ao Santo de Deus (cf. Lc 1,35), aquele que terá o nome Jesus (cf. Lc 1,30) e a quem a Igreja anuncia ser o Nome «dado aos homens, no qual se estabelece que somos salvos» (Atos 4,12).