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Para o Papa Bento XVI, a Mariologia deve ser vista sempre no “nexus mysteriorum“; portanto, ela só pode ser desenvolvida corretamente em relação às outras disciplinas teológicas, sob pena de perder o seu papel, valor, identidade e importância em todo o discurso teológico-cristão. A mariologia hoje, regulada pela Palavra de Deus, educada pelas salutares lições da história, vitalmente enxertada no diálogo com outras disciplinas teológicas e antropológico-culturais, não segue mais o modelo como no passado de conflito narcísica convivência. Mas se coloca, como seu modelo histórico, teológico e exemplar Maria de Nazaré, em estado de serviço permanente a fim do Reino de Deus e seus valores inalienáveis ​​e sempre presentes e, portanto, de pró-existência conjunta.

Referindo-se ao título do capítulo VIII da constituição dogmática Lumen gentium, Bento XVI, em Castel Gandolfo, em setembro de 2012, explica: «Trata-se do nexus mysteriorum, da íntima ligação entre os mistérios da fé cristã, que o Concílio indicou como horizonte para compreender os elementos singulares e as diversas afirmações do patrimônio da fé católica».

Em outras palavras, citando o Concílio Vaticano II, podemos dizer que: «Maria, de fato, que entrou intimamente na história da salvação, de algum modo reúne e reverbera os maiores dados da fé». Em seu livro Maria Igreja nascente, analisando o lugar da Mariologia na teologia, J. Ratzinger afirma: «O discurso sobre Maria enfatiza o ‘nexus mysteriorum’, o entrelaçamento íntimo dos mistérios em seu recíproco estar-perante como em sua unidade. Se o estreito vínculo entre Cristo e a Igreja pode ser encontrado nos pares de conceitos esposo-esposa, cabeça-corpo, em Maria este vínculo vai ainda mais longe, porque ela certamente não está em relação com Cristo antes de tudo como esposa, mas como mãe. Pode-se vislumbrar aqui a função do título de Mãe da Igreja. Assim se expressa a superação da esfera eclesiológica na doutrina mariana e, ao mesmo tempo, a sua relação recíproca».

Na realidade, o “sim” da Virgem de Nazaré foi necessário para a encarnação do Verbo. Com efeito, sem esta resposta – verdadeira e gratuita – o Verbo não poderia ter entrado no mundo. Joseph Ratzinger expressa assim este pensamento: «O corpo é preparado para o Filho no momento em que Maria se entrega totalmente à vontade do Pai e assim põe o seu corpo à disposição como tenda do Espírito Santo».

Durante o seu pontificado, Bento XVI escreveu três volumes intitulados Jesus de Nazaré (2007, 2011, 2012). Ao apresentar o primeiro volume, o cardeal e biblista italiano Carlo Maria Martini (m. 2012) escreveu: «Este livro constitui um testemunho ardente de um grande estudioso […] sobre Jesus de Nazaré e sobre o seu significado para a história da humanidade e para a percepção da verdadeira figura de Deus». 

Três volumes que não fazem parte oficialmente de seu magistério petrino; no entanto, no nosso contexto, eles merecem ser mencionados, porque contêm algumas passagens totalmente marianas. Falando da cena aos pés da Cruz (cf. Jo 19,25-27), o Papa Ratzinger recorda