QUARESMA: TEMPO DE REFLEXÃO E CONVERSÃO
Sabemos ser pó! Entretanto esta condição não é uma fatalidade. Na verdade, somos chamados a ser pó vivente! Há, porém, uma condição que precisa ser cumprida: a conversão. Ela é o salto que nos transporta para o reino da vida e da eternidade.
A conversão é resposta instaurada de uma experiência fundamental: o encontro com Jesus Cristo e o seu Evangelho. Esta experiência é reflexo de uma ‘conversão’ primeira: “Deus nos amou primeiro” (Rm 5,8). Cientes desta verdade basilar, nossa resposta não pode não ser a de nos converter Àquele que “nos amou por primeiro”.
A conversão ao projeto do Reino de Deus e sua Justiça requer a reorientação da própria existência. Isto implica assimilar convicções, valores, prioridades, atitudes que reflitam o Evangelho do Crucificado-Ressuscitado.
Os tradicionais exercícios quaresmais da esmola, do jejum e da oração não constituem em si a conversão, mas a manifestam. Trata-se de um fazer, qual o caminho para a possibilidade da graça do encontro com o Senhor, a promoção de relações comunitárias fecundas, a geração de espaços de amizade social, sustentados pela disposição de abertura à verdade, trabalho pela paz, perdão que supera o ímpeto de vingança, memória que mantém a lembrança dos erros e a vigilância para não repetir novas atrocidades na história.
O convite à conversão que o tempo quaresmal salienta, aponta para a construção de um projeto de vida articulado com o projeto de sociedade, que reflete os valores do Evangelho, centrado na pessoa humana, a cooperação, a superação das desigualdades e o cuidado do meio ambiente. Esse projeto de vida implica o exercício de autoconhecimento, mas também a relação com o outro, com as demandas da sociedade e o cuidado e promoção da Casa Comum; afinal, tudo está interligado!
Falar de conversão requer sabedoria; ensiná-la, pressupõe amor. É por isso que a Campanha da Fraternidade 2022 deseja promover espaços de diálogo a partir da realidade educativa no Brasil, à luz da fé cristã, com o intuito de colaborar na construção de caminhos novos em favor do humanismo integral e solidário.