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Paulina Chiziane é mulher, moçambicana, africana, negra, mas é sobretudo um ser que acolhe a sua condição humana tal como é. Faz e escreve sobre o que quer e como quer e é exactamente essa capacidade auto-afirmativa que lhe concedeu o Prémio Camões em 2021. Em 34 anos de existência e constituído por um júri internacional, de personalidades de diversos países lusófonos, esta foi a primeira vez que o prémio de literatura mais conceituado da Lusofonia distinguiu a obra de uma pessoa negra.  Numa altura em que muitos sobrevalorizam a necessidade da conquista do título de primeiro negro ou primeira negra numa qualquer distinção, Paulina prefere sublinhar que não podemos classificar seres humanos consoante uma hierarquização de género, de raça ou de classes e que, como a própria diz, não abriu coisa nenhuma para ninguém fez apenas o que lhe deu na cabeça. 

Hoje, reconhece uma maior abertura do mundo para olhar para África numa perspetiva cada vez mais horizontal, mas não nega que os recursos africanos são a maldição do continente e que, depois de cinco séculos de opressão e desenraizamento, ainda é preciso algum tempo para que corpos e mentes se libertem da autonegação. 

Na entrevista que vais ouvir, a jornalista Flávia Brito encontrou-se com a autora, que esteve em Portugal durante o mês de maio para uma digressão literária que culminou com um encontro na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

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