Tony Neves, na Missão da Boca do Tefé
1897, ano da chegada dos primeiros missionários espiritanos à Amazónia. Para um feliz e sábio encontro com a História, nada melhor que ouvir o Dr. Claudemir Queiroz, autor de várias obras sobre Tefé. Em conversas à mesa de almoço, explicou-me como foi formado pelos Espiritanos, no Seminário, e depois estudaria Direito, estando sempre ao serviço da Igreja. Falou-me da coragem enorme dos primeiros missionários que gastavam meses e meses rio acima e abaixo, sendo vítimas das febres (o ‘paludão’ era terrível!). Muitos deles morreram jovens, como me mostrou, no Cemitério, o P. Firmino Cachada, Superior da Missão da Boca do Tefé, lugar escolhido para a realização do Capítulo com a presença de todos os Espiritanos que trabalham na Amazónia.
Fiz, por isso, duas idas e voltas de barco da cidade até à Missão que está na Boca do Lago Tefé com o Rio Solimões. Numa delas, só com o P. Firmino. A outra congregou, no barco da Diocese, todos os Espiritanos, ali juntinhos, a rezar para que não houvesse naufrágio, caso contrário não sobraria ninguém para contar a história e continuar uma Missão mais que centenária!
Voltemos à História, ajudados agora pelo P. Firmino que continua a escrever e a publicar escritos e diários de missionários dos tempos mais antigos. O Bispo do Amazonas, D. José Costa Aguiar, esteve a 1 de Março de 1897 na Casa Mãe dos Espiritanos em Paris com o objetivo de pedir Missionários para a Amazónia, ‘para organizar a Missão dos índios’. O ‘sim’ foi imediato e os primeiros quatro saíram de Lisboa a 13 de Abril para chegar a Manaus a 23 de Maio. No dia de Pentecostes (6 de Junho) tomaram conta da Paróquia de S. Sebastião, onde eu fui rezar, situada na grande praça da Ópera. A 10 de Junho, subiram o Rio Solimões até Tefé, parando na Boca do Lago, local escolhido para construir a Missão. A partir de 1901, Tefé será a única Missão espiritana na Amazónia.